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sábado, 29 de agosto de 2015

Crise tirou 7,6 mil milhões a salários e deu 2,5 mil milhões ao capital

O ambiente de taxas de juro e as políticas de ajustamento aplicadas para, alegadamente, ajudar a superar a crise e lançar o país numa nova era de desenvolvimento tiveram uma consequência imediata no rendimento das famílias portuguesas. Desvalorizou o fator trabalho e deu gás aos rendimentos do capital.
Como? O desemprego aumentou e a pouca criação de emprego foi feita com base em salários tendencialmente mais baixos, concordam os economistas ouvidos.
Do lado do capital, a subida explosiva dos juros durante a crise também terá tido o seu papel. Quem tinha muito dinheiro para a aplicar, fê-lo a rendibilidades nunca vistas até então. Esse fator permanece de forma parcial e a ele acrescem os efeitos de retoma da economia (que impulsionam os lucros), mais o efeito das privatizações e subsequente distribuição de lucros aos novos acionistas. Problema: a maioria são estrangeiros, o dinheiro corre o risco de ser repatriado.
O fenómeno -- menos rendimento de salários, mais de capital -- "não é um exclusivo de Portugal, aparentemente acontece um pouco por toda a Europa, nos países que entraram em crise", observa Sandro Mendonça, professor de Economia do ISCTE.
Cá os contornos podem ser mesmo "algo problemáticos", uma vez que deve estar "ligado também ao agravamento das desigualdades sociais", tema que tem sido insistentemente revisitado nos últimos meses por instituições tão diversas como FMI e OCDE, por exemplo.
«DV»

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