O departamento de informática da Câmara Municipal de Alpiarça parece andar "enguiçado"

Não podemos em nome do bom senso e da honestidade pessoal e intelectual, andar aqui a brincar com coisas tremendamente sérias para Alpiarça, suscetíveis de colocar em risco a saúde dos alpiarcenses e de quem visita Alpiarça

Por: M. Ramos

Como alpiarcense que procura estar atento à vida da sua terra, assisto normalmente a todas as reuniões de câmara disponibilizadas em vídeo, já que por motivos profissionais não me é possível assistir às mesmas presencialmente. Confesso que fiquei de certo modo chocado nesta reunião de 08/06/2015 com as declarações de um funcionário que, ao que consta, trabalha na Câmara de Alpiarça há vários anos e sempre deu provas de ser um funcionário interessado, dinâmico e competente. É de lamentar que o funcionário tenha de vir a uma reunião de câmara expor as suas razões e confrontar o executivo que tem a responsabilidade de administrar a Câmara Municipal de Alpiarça. Algo não andou bem, em minha opinião, para que as coisas tenham chegado a este ponto. O departamento de informática da Câmara Municipal de Alpiarça parece andar "enguiçado", a julgar por aquilo que aconteceu também ao técnico responsável pela informática da câmara, na gestão de Rosa do Céu (PS) há alguns anos e que teve como desfecho a história que todos conhecemos.

Quanto à questão da barragem dos Patudos, temos de admitir que é um problema complicado e nada fácil de resolver mas, pelo menos tem de haver clareza e discernimento lógico da parte do executivo CDU que governa maioritariamente a câmara de Alpiarça. Não podem os responsáveis da edilidade fazer crer à população local e a quem nos visita que o problema da morte da fauna piscícola e avícola está restrito apenas a uma simples falta de oxigénio devido à eutrofização ou detritos orgânicos e nada mais. Em minha opinião há uma falha grave de informação e transparência que poderá ter consequências imprevisíveis num futuro próximo. Essa falha ou erro de comunicação é tanto mais grave quando emanada do próprio presidente da câmara que, está na posse de documentação que prova que o assunto é muito mais sério e grave do que aquilo que tem sido dito. Como os resultados das análises aos peixes mortos da barragem dos Patudos são já públicos, deixo aqui a sua transcrição:

“DIVISÃO DE AQUACULTURA E VALORIZAÇÃO

LABORATÓRIO DE PATOLOGIA DE ANIMAIS AQUÁTICOS

BOLETIM DE ANÁLISE - PAT / PEIXES / 86/2014

Amostra:

Seis exemplares de pimpão-comum, Carassius carassius com peso e comprimentos médios de 163,88 ± 53,09 g e 21,15 ± 2,57 cm, refrigerados.

Proveniência:

Albufeira dos Patudos

Exames realizados:

Exame anátomo-patológico

RESULTADOS / DIAGNÓSTICO

No exame anátomo-patológico efectuado nos seis exemplares de pimpão-comum, observou-se em esfregaços a fresco obtidos da pele e das branquias, a presença de Cyanobacteria produtoras de toxinas, nomeadamente Microcystis aeruginosa e Anabaena flos-aquae. Os exemplares apresentavam-se em decomposição não permitindo avaliar alterações nos órgãos internos.

Os “blooms” constituem um problema grave, quer para a qualidade da água (anóxia, mau cheiro e grande proliferação de bactérias), quer para a ictiofauna. Neste caso, a consequência mais comum é a morte dos peixes por acção de toxinas, por anóxia, ou devido a compostos provenientes da decomposição dos “blooms”, como nitritos, amónia e hidroxilaminas. Outras consequências são o mau gosto conferido ao peixe por compostos como a geosmina e o metilisobomeol, produzidos pelas algas. Outro aspecto a considerar é a acção patogénica das toxinas (hepatotoxinas e neurotoxinas) nos peixes, responsáveis por lesões na superfície externa, brânquias c órgãos internos. Os aspectos referidos traduzem-se em prejuízos ambientais e económicos que podem levar à interdição da pesca, ao empobrecimento dos “stocks” naturais de peixe e à redução da biodiversidade do ecossistema.”

Meus senhores, não podemos em nome do bom senso e da honestidade pessoal e intelectual, andar aqui a brincar com coisas tremendamente sérias para Alpiarça, suscetíveis de colocar em risco a saúde dos alpiarcenses e de quem visita Alpiarça. É preciso ter algum tento naquilo que se diz, principalmente quando se ocupa um lugar de Administrador de bens públicos.

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