Pare-se!
É uma vergonha que seja preciso vir a UNESCO mandar parar as
obras da Barragem do Tua sob a ameaça de o Alto Douro Vinhateiro perder
a classificação de Património Mundial.
Já havia a humilhação de o
País precisar de tutela estrangeira por não saber governar o que é seu,
agora, somos considerados uns selvagens por não cuidar, pior, por
estragar uma riqueza única, irrepetível, das poucas que o País tem.
Portugal só tinha que não lhe mexer, mas, se o quisesse fazer, tinha de
informar a UNESCO. Em troca, a 1ª Região de Vinho Demarcada do Mundo
abria um campo enorme para o Turismo. Em 10 anos, as dormidas na zona
aumentaram de 40 mil para 400 mil e sem grandes esforços de marketing,
simplesmente porque passou a ser classificada pela UNESCO.
É isso que
vamos perder se não pararem já as obras da barragem. Não se trata de
optar entre uma visão ambientalista e outra económica. A barragem é um
disparate como é todo o Plano Nacional de Barragens, que vai custar aos
consumidores da luz cerca de 16 mil milhões a troco de mais 3 por cento
de energia. A do Tua nem chega a mais 0,5. Um projecto avançado na era
Sócrates, que não serve para consumo de água nem para rega, só a pensar
nas receitas esperadas pelos concessionários. O Estado, ou seja, todos
nós, não ganha nada com isto, pelo contrário. Até a navegabilidade do
Douro foi posta em causa no Estudo de Impacte Ambiental, que não foi
levado em conta. Saltou-se por cima de tudo, num processo em que este
Governo passou a ser cúmplice, em que a ministra do Ambiente, com a
palavra decisiva sobre a barragem, não existe.
Cristas é mais
sensível aos vários interesses em jogo. Mandou cortar sobreiros e
azinheiras, inventou "um paredão imenso" para avançar com a obra, e,
mesmo com a exigência da UNESCO, ficou em silêncio. Tal como Passos
Coelho, que ainda não percebeu que uma das estratégias de crescimento
para o País passa pelo Turismo, o que não joga com IVA suicidas nos
restaurantes e barragens assassinas de paisagens únicas. Muito mais do
que os Ronaldos e Mourinhos, que estão lá fora, a imagem de Portugal
vende-se com carimbos como os da UNESCO, que fazem entrar muitos milhões
no País... Também por isso, obviamente, pare-se a barragem!
Fonte:«CM»Enviado por um colaborador
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