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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os falsos amigos do meu primo Alfredo

Artigo de Opinião
Por: Mariana Teixeira
O Alfredo que meu primo foi aproximadamente vinte anos sempre foi uma pessoa irrequieta e desde pequena que me lembro dele dizer «quando for grande quero ser rico». A profecia realizou-se para este meu parente num espaço curto e rápido demais.

Deveria ter perto dos vinte anos quando começou a fazer umas negociatas – para mim um pouco ilícitas – mas o certo que arranjou uma fortuna excessiva para com a idade que tinha, dando a quem não tinha e pagando a quem andava junto dele ou se aproximava quando se encostava ao balcão, criando assim a imagem exterior que: «não deve andar fazer coisa boa» a não ser que lhe tivesse caído «alguma pipa de massa em casa» sem ninguém saber.
Nunca acreditei nesta possibilidade. Para mim os lucros deveriam vir de algum expediente ou como cheguei a ouvir dizer: «vendia carros velhos por novos. Quem perdesse o motor pelo caminho que se cuidasse».
Sabia, porque lhe diziam os mais chegados, que a maioria destes seus amigos eram todos «uns penduras vivendo e saboreando os prazeres à custa do Alfredo».
Pouco se importava porque o dinheiro lhe devia cair do céu. Também sabia que quando voltava as costas, os que à sua custa comiam e bebiam, diziam mal da sua pessoa a «torto e a direito» como inventavam as origens dos lucros com base em coisas que não passava pela cabeça de ninguém (ex: até disseram que tinha uma oficina para os “confins do mundo” na proximidade de uma curva para nesta despejar um óleo qualquer, de maneira a que as viaturas quando circulavam pela proximidade ficassem logo encalhadas seguindo de seguida, tipo de empurrão, para a oficina cobrando depois tudo e mais alguma coisa pela ocupação do espaço. Só fazia desconto àqueles que na sua oficina mandassem arranjar a viatura).
Se tinham ou não razão, desconheço porque quando lhe perguntava como levava a vida de abundância, sem trabalhar para ninguém e sem negócios que dessem à costa, a resposta era sempre a mesma «não te rales que é problema meu». Acrescentava-lhe: «é que ouço dizer tanta coisa de ti». Logo me respondia: «as pessoas são umas ingratas. Damos-lhe tudo e nunca estão satisfeitas. Mas lhes damos mais querem».
E assim, a minha pessoa de tanto ouvir dizer mal dele e da resposta repetida que me dava, deixei de me preocupar com ele.
Infortúnio da vida: faleceu subitamente. Tinha 23 anos e cheio de pujança para a vida.
Após o funeral e passadas as horas de dor, o falecido passou a ser «o maior do mundo». Os que gozavam à custa da sua carteira lamentavam-se.
Isto faz-me lembrar os “acessores políticos” e outros do género quando são requisitados pelos políticos, deixando assim os seus empregos fixos por uma missão temporária julgam-se logo “donos do mundo”. Passam a agir de uma forma autoritária como se o emprego fosse vitalício.
Entregam-se então de corpo e alma a prestar vassalagem a quem o considerou de «confiança politica» sujeitando ao regime do silêncio a da colaboração do «menos claro» macerando muitas vezes o «funcionário de carreira» a quem não permite o mais pequeno comentário desagradável para quem neles manda.
No exterior, o requisitador não é “Deus” ou um santo qualquer porque este tipo de divinos não se devem meter nestas coisas, pelo menos que eu tenha conhecimento, mas passam a ter o mesmo valor, quando às vezes todos sabemos que «nem para lá caminha».
Passado algum tempo e quando descobrem por motivos alheios que o serviço «não é que julgavam» começam a contrariar ou opinar quem neles manda, esquecendo-se que estão para «trabalhar, colaborar, bufar, informar e outras coisas mais».
Com o tempo deve-lhes dar algum «sinal no interior da alma» para abrirem os olhos que «afinal o meio político é onde existe a maior ingratidão». Neste momento começou o tempo a ser cronometrado para assinar a «caducidade do termo de requisição».
Quando despejados daquilo em que foram empossados, no exterior e nas costas de quem não gostava ser contrariado, dizem aquilo que foi a razão do «despedimento» e as histórias de maldizer que nunca existiram mas ditas pelo “sábio” que até foi «braço-direito» passam a ser verdade.
Apregoam aos quatro-ventos que o ideólogo e pensante mais não era que um pequeno «ditador ou patife» sempre pronto a mandar «fazer a cama a quem lhe oponha».
Pensava eu que só pessoas como o meu primo – confesso não era boa praça – passou de «homens de negociatas estranhas» a ser um”santo”. Mas hoje reconheço que tenho andava enganada a este respeito.
Confesso que na verdade sou mesmo uma ingénua e inexperiente nestes meandros. «Coitado de fulano…» (um safado até morrer) mas agora que bateu a bota «foi um santo «e até ajudava os mais necessitados».
A serem «santos» deixem-me ir é para o Inferno.
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