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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Artigo de opinião

Casar com muçulmanos pode causar um «monte de sarilhos»
Há dias que acordo melancólica. O suficiente para andar assim uma alguns dias. São nestas alturas que penso em tudo e mais alguma coisa; daquilo que fui, daquilo que sou e das rasteiras que a vida nos dá.


Penso nas injustiças e incompreensões que há por este mundo fora, pelo ódio dos homens, pela sua incompreensão, pelos princípios que nos ensinaram em «que devemos ser todos como irmãos una para os outros; que devemos saber tolerar e fundamentalmente saber ser tolerante para a fé de cada um como das suas maneiras de ser.
O mundo atravessa uma mutação profunda As injustiças surgem a cada esquina e até as religiões quando tudo indica que vai haver união, aparece alguém com atitudes menos apropriadas que as separa novamente.
Os princípios de “Jesus” aqueles que estão escritos no “livro” e não aqueles que os homens adulteraram e adulteram não são nada parecidos ao que nos ensinaram quando éramos crianças; muitos menos com o que está escrito no «livro que os homens encarregados de espalhar a fé» apregoam.
Aprendi com «Mateus e Paulo» que devemos ser amigos uns dos outros como devemos saber tolerar os outros e nunca julgá-los para que não sejamos também julgados.
Lembro-me às vezes da separação que existe entre “Oriente” e “Ocidente” e do ódio que nasce da linha que separa a religião de cada um. Recordo-me daquilo que aprendi quando estudava. Nunca me esqueci que o “Oriente” levou «milhares de anos esperando pelo “Messias” porque os discípulos deste caminharam penosamente para o “Ocidente” a fim de espalhar a genuína fé, esquecendo-se estes (talvez porque o tempo já não permitiu) de voltarem para o oposto e ensinarem o que nós aprendemos.
Nunca o fizeram e o resultado foi o “Oriente” criar o seu próprio “Messias” que é diferente do nosso mas que significa o mesmo. A partir desta altura o ódio nasceu entre os homens; o fundamentalismo começou a surgir entre as religiões para se agredirem umas às outras por tudo e por nada; por coisas sem nexo levando com que o leigo misture fanatismo com religião; fazendo com que nós vejamos os «do outro lado» como uns inimigos e uns bandidos por causa do seu sectarismo, quando nós mesmo na frente da nossa cara também temos o mesmo; apenas diferente nos nomes.
Todo este acumular de erros e ignorância que nos impingiram ao longo dos séculos cegou-nos de tal forma que julgamos os «homens de fé e crentes» como sendo todos uns «terroristas» quando na verdade o «trigo nada tem a haver com o joio».
Se formos honestos connosco próprios e com aquilo em que acreditamos, não podemos negar que as «armas que os outros usam nós também as usamos». Apenas de uma maneira diferente. Se os outros e a sua fé sustentam guerras, nós, pelo silêncio e com o apoio da fé dos outros e com o pilar assente na hipocrisia, alimentamos a guerra com o dinheiro dos fiéis. Até fizemos pior: mantivemo-nos no silêncio quando decorria uma guerra feroz, onde os homens que tiveram, o azar se serem originários da terra do “Messias” a morte os esperava. Tudo isto os responsáveis silenciaram para algumas décadas depois reconhecerem o erro pedindo desculpa.
Esta fé que deveria ensinar que «todos nos somos iguais, seja qual for a côr da nossa pele e nunca criar ódio entre todos os homens». Esta fé que para quem já leu o “livro” sabe que as palavras que nele estão escritas mexem no nosso interior; esta fé que doutorou homens para representarem “Cristo e a sua fé na Terra” os «ensinou a serem humildes e nada quererem com a grandeza e pecado» como ensinou ainda que para além de «todos os interesse» e «igualdade dos homens e filhos de Deus» nunca deverão dar origens a rancor ou ódios.
Tudo isto me deixa triste porque na verdade é uma das maiores hipocrisias daqueles que nos ensinaram em pequeninos o contrário. Na prática: criam o ódio entre as pessoas e mostram a grandeza feita à custa dos crentes. Se vivêssemos na “outra banda do mundo” e noutros tempos como do “Galileu” nem sequer era permitido este desabafo a quem o fizesse.
Como me ensinou a “Tia Alice” a «fé é uma coisa muito nossa». Quando queremos falar «com Deus que o façamos nas quatro paredes do nosso quarto e não como aqueles hipócritas que na sacristia batem com a mão no peito para depois fora dela tratarem os outros abaixo daquilo que é o mais baixo: o desprezo».
Lembrava-me – quando criança – que por detrás da fé dos homens que deviam dar o exemplo da complacência, mantinham-se no silêncio com as injustiças praticadas para com os mais fracos e com aqueles que lutavam por melhores condições de vida e exigiam os mesmos direitos».
Os teólogos seguiram a tradição da sinagoga judaica e nela aprenderam os princípios de Moisés” mas com o passar dos séculos adulteraram a fé da «razão de tudo» para sobreporem a esta os interesses da grande casa.
A elaboração da doutrina judaica que, nos primeiros séculos da era cristão, se transformou em “Talmude”, consistia em grande parte, na exposição das tradições e distinções da lei que deveria regular a vida dos homens como a sua crença à fé.
Hoje pouco importa os princípios, interessa sim é os «pregadores» procurarem aquilo que no mundo do comércio é apregoado como símbolo «No lucro não há compaixão» e todo o resto que se lixe.
O homem que representa a igreja é um homem muito peculiar. Deve fazer com que haja amor, compreensão e tolerância entre as pessoas e nunca criar o quer que seja. Não o contrário e muito menos opinar naquilo que aos outros diz respeito, ou seja «cada mestre na sua profissão». O contrário não cabe da cabeça de ninguém, ou …então «tudo deixa de fazer sentido porque não há nem rei nem roque!»
Para dar opiniões estão os outros que lhes cabe esclarecer e noticiar; quer estejamos ou não de acordo com elas mas que…nos obriguem a pensar a razão das coisas.
Todo este desabafo porque logo hoje, que ando melancólica, vejo escarrapachado com letras grandes, na imprensa as palavras de alguém que apregoa com todas as letras e aconselha com toda convicção para que as «jovens que pensem antes duas vezes «se pretenderem casar com um muçulmano. Pensem muito seriamente porque é meter-se num monto de sarilhos que nem Alá sabe onde acabam».
Palavras ditas por José Policarpo o “Cardeal Patriarca de Lisboa”. Um direito seu mas que quanto a mim e tendo em atenção o cargo que ocupa não se deveria intrometer e muito menos dar conselhos destes.
Deduzo que no entender de sua iminência os muçulmanos deve ser uma qualidade de gente que não interessa a ninguém. Quem é tolerante são os «judeus e os ortodoxos» assim diz o Cardeal porque «a convivência até se vai fazendo sem problemas».
Logo, os outros não prestam nem são iguais a nós – talvez porque têm rituais e pensamentos diferentes dos nossos ou acreditam noutra religião – todas menos a católica.
Por esta ordem de ideias e pela interferência que a igreja têm levado a efeito nos últimos tempos como se intrometer sobre tudo e mais alguma coisa (quando deveria era ensinar religião) qualquer dia ainda ouvimos os iminentes a dizer «não votem neste ou naquele partido porque se o fizerem pode ser «uma carga de sarilhos» ou «as jovens antes de casar com alguma africano tenham cuidado porque podem ser descendentes de alguma tribo onde os “maus-olhados” pode cair sobre vós»
Que me desculpem os leitores, mas quando ando melancólica só me apetece desabafar. Estas palavras, que considero separatistas, mexeram na minha pessoa.
Por: Mariana Teixeira

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