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domingo, 18 de janeiro de 2009

NAMORADOS DE DOMINGO


Por: Carlos Céu e Silva

Pedro era barbeiro de profissão. Elizabete, cabeleira. Os dois diziam-se namorados e os vizinhos achavam-nos muito engraçados. Só que ninguém lhes dava trabalho. Diziam, que não tinham experiência, eram muito novos e faltava-lhes o principal, um salão, unissexo, onde os dois pudessem trabalhar. E namorar, se possível.
Cansados e tesos como andavam, Pedro e Elisabete, calcorreavam, todos os centros comerciais e fora deles, à procura de um lugar que aceitasse os dois. A única condição era que tinham que trabalhar juntos.
Recusa atrás de recusa, desespero e mais desespero, os dois, carregaram no seu reduzido material, e num domingo de fim de primavera, tomaram a decisão das suas vidas. Foram montar o seu estaminé, no coreto próximo à sua casa, que estava abandonado.
Naquele dia, não lhes faltou trabalho. Eram mulheres com sacos de compras, homens de fato de treino, crianças com cães e crianças com play-station, e gente que não acabava mais. A fila, saía do jardim, e como era uma localidade pequena, chegava à povoação vizinha.
Pedro e Elizabete já nem sentiam as mãos. As pernas pareciam postos de electricidade e as cabeças zuniam como um rádio desafinado.
Mas estavam felizes e bem noite, quando o trabalho todo, por fim, tinha acabado, tomaram uma decisão muito séria.
Continuariam a fingir que eram namorados.

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