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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Quanto custou, quanto vai custar e donde sai o dinheiro

Faltou aí o dado mais importante de todos:
Quanto custou, quanto vai custar e donde sai o dinheiro.
Justificar um desmando com outros é praia que não frequento.
Evidentemente que no que toca a corrupção, distribuição da riqueza, e mais uma série de pontos que tocou, estou inteiramente de acordo.
Mas, permita-me que lhe diga que a sua defesa dos actuais moldes de atribuição do RSI faz-me lembrar a forma como foram feitas as P/P/P.
Também elas, nos relatórios de suporte, nos power-points, nas justificações económicas, e nos dados estatísticos e previsíveis, apontavam para o paraíso.
Quando fomos ver no terreno, estradas onde se dizia que passariam 100.000 viaturas, passam 1000.
Onde se dizia que seriam cobrados 20 milhões de euros, cobram-se 200.000...
Cá estamos todos para pagar, durante gerações!
Os dados que apresentou do RSI são iguais.
Um paraíso civilizacional que na prática se traduz num inferno para os contribuintes.
Porquê?
Porque quem idealiza e planifica certas medidas políticas vive nos palácios e não tem conhecimento da forma de pensar e agir da plebe.
Por exemplo: Diz que há fiscalização...
Experimente estar num balcão, numa Junta, ou em qualquer sítio onde sejam atribuídos benefícios sociais, e aplique a lei tal como está definida.
Ou, fiscalize "in loco" o tipo de vida dos beneficiários.
Recomendo-lhe que tenha a sua viatura longe, que leve um batalhão dos GOE para o proteger ou que retire os seus descendentes da escola ou do emprego.
É que quando ouvir uma pergunta simples deste tipo: " a sua mulher trabalha no sítio X, não trabalha?" ou "o seu filho anda na escola Y, não anda?" essa gente não está propriamente preocupada com a sua vida privada, asseguro-lhe.
O que faz o fiscal ou a assistente social? Não vê, não ouve, e passa a estar tudo "bem".
Quando disse: “ensinar a pescar e não dar o peixe” é na prática, e através de hábitos diários de trabalho. Cumprindo horários, acompanhando e ajudando profissionais do ofício, aprendendo o que é o verdadeiro mundo laboral.
Os cursos de formação serviram para enriquecer alguns, nomeadamente a maioria ligados a estruturas do PS.
Ponha-se essa gente a ajudar o electricista, o canalizador, o jardineiro, o serralheiro e aí sim aprendem (se quiserem) uma profissão.
Claro que uma medida dessas não interessa aos poderes instituídos. Não dá tachos, não dá directores disto e daquilo, não dá benesses, não dá comissões de qualificação e o dinheiro fácil não corre.
Mas repare que os excelentes profissionais que este País tem foram formados quase gratuitamente a aprender com mestres do ofício e não a frequentar cursos de formação duvidosos.
Desculpe o atrevimento, mas quando o povo que trabalha constata diariamente por todo o País a forma como o RSI é MAL utilizado, e aparecem justificações políticas e relatórios à medida a dizer o contrário, faz lembrar a velha anedota da senhora que foi ao juramento de bandeira e o filho que marchava desordenado dos restantes, "era o único que estava correcto".
Cumprimentos
Noticia relacionada:
"A GALINHA DA VIZINHA É MAIS GORDA DO QUE A MINHA":

3 comentários:

Anónimo disse...

Estes 2 posts, um assinado por ZEN e outro anónimo, ou seja os dois anónimos, são dois excelentes artigos e coincidem nalgumas análises ao RSI.

Concordo em muitas coisas com ambos os artigos. TAmbém acho que o Rendimento Mínimo Garantido quando foi criado pelo ministro Ferro Rodrigues quis acabar com o flagelo da pobreza, dos excluídos e das famílias com parcos recursos.

Quis igualmente acabar com alguma delinquência associada às baixas condições sociais. Claro que nestas coisas é sempre difícil a fiscalização e haverá sempre os abusos.

Pessoas há por aí que vemos sem trabalharem e nos admiramos como andam de café em café, que têm casa, carro ou mota e andam ainda mais bem trajados do que muitos que trabalham. Será do RSI? Não sabemos.

Zen disse...

A GALINHA DA VIZINHA É MAIS GORDA DO QUE A MINHA II

Escreve o autor do texto "Quanto custou, quanto vai custar e donde sai o dinheiro" que, no meu artigo, “faltou aí o dado mais importante de todos: Quanto custou, quanto vai custar e donde sai o dinheiro” (do RSI)…

Há coisas que não entendo… O referido autor acusa, mas em nenhum ponto do seu texto responde às questões que ele próprio considera “o dado mais importante de todos”… Mas, no meu artigo, tem todos os dados para saber quanto custa o RSI. Dei-lhe os instrumentos de “pesca”, então “pesque”! Não queira o “peixe” de bandeja… De onde sai o dinheiro? Toda a gente sabe: sai precisamente do mesmo sítio de onde sai o dinheiro que paga as atividades boas ou más do estado português, isto é, dos bolsos daqueles que cumprem as suas obrigações e pagam os seus impostos.

Contudo, eu não tenho dúvidas que esse dinheiro é bem aplicado se contribuir para a dignificação das condições de vida das pessoas mais carenciadas, se prestar os apoios necessários a cada situação e contribuir para a satisfação das necessidades básicas, se promover a autonomia social dos beneficiários, através de estratégias para a sua inserção social, laboral e comunitária e se ajudar a resolver as problemáticas que conduzem os agregados a uma situação de exclusão social. Pelo contrário, sou totalmente contra a utilização desse dinheiro para tapar os milionários “buracos” deixados pelos “beneficiários (com ligações ao poder político que nos “governa” há anos)” do BNP, da compra de submarinos, das parcerias público privadas, etc. etc. Por isso, mais importante ainda do que as questões que coloca, é qual o objetivo da utilização desse dinheiro!

Na argumentação principal do autor do texto em questão há, claramente, uma grande falha, fruto da baralhação, consciente ou inconsciente, de conceitos, e acaba por misturar alhos com bugalhos. Para tentar contestar os dados estatísticos que apresentei, baseados na análise das situações reais no terreno, compara-os com… previsões e orçamentos. São “números” totalmente diferentes! Há o antes (as previsões e os orçamentos) e o depois (a concretização do projeto)! Se em mil beneficiários, dez apresentaram falsas declarações e foram penalizados, considera-se que 1% apresentou falsas declarações. Não é uma previsão, é uma constatação da realidade! Foram essas constatações numéricas que apresentei!
Quanto à fiscalização, ela existe, como provei pelos dados que forneci sobre a cessação do RSI em casos como falsas declarações, falta à convocatória do Instituto de Emprego, incumprimento do Programa de Inserção após admoestação, falta de celebração de programa de inserção ou alteração de rendimentos. A questão que se pode colocar é se a fiscalização existente é suficiente! Efetivamente, não é aceitável que existam beneficiários do RSI que não se enquadrem nas condições exigidas ou que apresentem justificações falsas. Contudo, apesar de toda a fiscalização, não há sistema algum que não tenha “desperdícios”… Mesmo os sistemas físicos, mais controláveis do que os sociais, têm perdas e, não é por isso, que deixam de ser utilizados… Em todos os sistemas, as perdas devem ser reduzidas ao mínimo aceitável. E qual é o mínimo aceitável? É o nível a partir do qual se gastam mais recursos a controlar as perdas do que os recursos que estas perdas representam. Por essa razão, se há dinheiro para mais fiscais, é melhor colocá-los atrás daqueles que burlam com milhares ou milhões o fisco ou a segurança social!

Sobre a formação profissional, ao contrário do que o autor do texto pretende fazer crer, nem todos os cursos são “duvidosos” e nem a aprendizagem com os “mestres do ofício” é sempre boa… Depende dos “mestres do ofício”… é que alguns ensinam também os “vícios”, como, por exemplo, o não cumprimento das regras de segurança… O que deve existir é uma complementaridade entre o enquadramento teórico da profissão e o seu exercício prático.

(continua)

Zen disse...

A GALINHA DA VIZINHA É MAIS GORDA DO QUE A MINHA II (continuação)


O problema, é que o autor (e outros como ele) têm, muitas vezes, uma visão muito parcial e incompleta (às vezes até falsa) da realidade das atividades (como no caso da formação profissional e do RSI)e, depois, generalizam essa visão distorcida…

Por último, quanto ao exemplo do jovem da anedota que o autor apresenta e que “marchava desordenado dos restantes”, mas para a mãe “era o único que estava correcto", quero recordar que, no século XVII, o cientista Galileu Galilei de Pisa descobriu e afirmou que a Terra andava à volta do Sol, quando toda a gente via que, se o sol nasce dum lado e se põe do outro, é porque anda à volta da Terra e não o contrário. Galileu, que afinal tinha razão, teve o “Santo Ofício” (que o condenou à prisão e censurou e proibiu os seus livros) e a opinião pública contra ele…