O mais estranho é que ninguém ficou incomodado com a sentença aplicada ao deputado Ricardo Rodrigues.
A Liberdade de Imprensa, de Informação, está mesmo ao preço da chuva. Por 4950 euros, o deputado da Nação Ricardo Rodrigues ‘fana’ os gravadores de dois jornalistas da ‘Sábado’ durante uma entrevista, acaba com as perguntas que estavam a ser incómodas, não responde sobre um passado de ligações a um gang internacional condenado por burla qualificada e sobre o escândalo de pedofilia (‘Farfalha’) em que se viu enredado e no seguimento do qual se demitiu do Governo Regional dos Açores.
O interesse jornalístico e público era indiscutível. O Tribunal da Relação considerou "justificada pelos factos" a crónica de um jornalista que escreveu que "Rodrigues esteve envolvido com um gang internacional na qualidade de advogado, sócio e procurador de uma sociedade offshore registada algures num paraíso fiscal..." e, para mais, Rodrigues era, na altura da entrevista, coordenador da Comissão de Combate à Corrupção. Um especialista em offshores, com um percurso que vai de deputado a membro do Conselho Superior do Ministério Público e da Comissão da Ética, Cidadania e Comunicação. Uma bizarria para quem não entende que a transparência é inerente a um cargo público, e que não se apaga um passado obscuro metendo gravadores ao bolso. A decência é que foi apagada de vez quando, já arguido, foi nomeado para o Centro de Estudos Judiciários. Curiosamente, foi a ausência de antecedentes criminais (pois...) e a sua actividade profissional que motivaram para o Tribunal a pena de uma multa e não de prisão pelos crimes de atentados contra a liberdade de imprensa e informação pelos quais foi condenado. Ou seja, ser deputado, jurista e membro destas coisas todas que implicam conhecimento da lei e comportamentos exemplares serviu como atenuante e não como agravante.
Como representou a Ética e a Cidadania numa comissão que lida com a Comunicação Social, leva uma pena mais leve... como é deputado e agiu de "uma forma irreflectida" ao abafar os gravadores, tem só uma multa. O mais estranho é que ninguém ficou incomodado com a sentença. A classe jornalística já acha fantástico a criatura ter sido condenada e os políticos reagem, como sempre, à Liberdade de Informação de acordo com o valor que tem: 4950 euros!
Enviado por um leitor
A Liberdade de Imprensa, de Informação, está mesmo ao preço da chuva. Por 4950 euros, o deputado da Nação Ricardo Rodrigues ‘fana’ os gravadores de dois jornalistas da ‘Sábado’ durante uma entrevista, acaba com as perguntas que estavam a ser incómodas, não responde sobre um passado de ligações a um gang internacional condenado por burla qualificada e sobre o escândalo de pedofilia (‘Farfalha’) em que se viu enredado e no seguimento do qual se demitiu do Governo Regional dos Açores.
O interesse jornalístico e público era indiscutível. O Tribunal da Relação considerou "justificada pelos factos" a crónica de um jornalista que escreveu que "Rodrigues esteve envolvido com um gang internacional na qualidade de advogado, sócio e procurador de uma sociedade offshore registada algures num paraíso fiscal..." e, para mais, Rodrigues era, na altura da entrevista, coordenador da Comissão de Combate à Corrupção. Um especialista em offshores, com um percurso que vai de deputado a membro do Conselho Superior do Ministério Público e da Comissão da Ética, Cidadania e Comunicação. Uma bizarria para quem não entende que a transparência é inerente a um cargo público, e que não se apaga um passado obscuro metendo gravadores ao bolso. A decência é que foi apagada de vez quando, já arguido, foi nomeado para o Centro de Estudos Judiciários. Curiosamente, foi a ausência de antecedentes criminais (pois...) e a sua actividade profissional que motivaram para o Tribunal a pena de uma multa e não de prisão pelos crimes de atentados contra a liberdade de imprensa e informação pelos quais foi condenado. Ou seja, ser deputado, jurista e membro destas coisas todas que implicam conhecimento da lei e comportamentos exemplares serviu como atenuante e não como agravante.
Como representou a Ética e a Cidadania numa comissão que lida com a Comunicação Social, leva uma pena mais leve... como é deputado e agiu de "uma forma irreflectida" ao abafar os gravadores, tem só uma multa. O mais estranho é que ninguém ficou incomodado com a sentença. A classe jornalística já acha fantástico a criatura ter sido condenada e os políticos reagem, como sempre, à Liberdade de Informação de acordo com o valor que tem: 4950 euros!
Sem comentários:
Enviar um comentário