.

.

.

.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

CONTAS FURADAS

Em primeiro lugar, fico muito satisfeito pelo facto deste comentador ("Depende dos “mestres do ofício"...": ), finalmente, tentar basear os seus argumentos em factos e apresentar números, em vez das "amostras" subjetivas, parciais e isoladas do todo. Aproveita, também, para acusar-me (???) de ser político mas, primeiro, é necessário que defina o que entende por isso. Se ser político é ter opinião sobre a governação, então sou político. Se se refere a dirigentes políticos e é esse o seu problema, fique descansado que não é o meu caso, pois não sou dirigente (nem candidato) de qualquer seção partidária, por mais pequena que ela seja. Entretanto, para lhe evitar mais argumentos falhados, aproveito para fazer uma declaração de interesses: nada tenho a ver com a atribuição ou cessação do RSI, não sou funcionário do estado nem de qualquer empresa que venda cursos de formação ou que possa beneficiar das atividades do RSI. Aliás, sou contribuinte "líquido" do Estado português, pois há dezenas de anos que pago um "seguro" para garantir a cobertura (cada vez mais em causa) de rendimentos no desemprego, da saúde e da velhice (reforma), para além de pagar os restantes impostos estabelecidos. Contudo, tenho a noção clara de que, dado o seu pequeno peso relativo, não são eventuais "anomalias" do RSI (na medida do possível devem ser corrigidas) que põem em causa as garantias do "seguro" que eu ( e os restantes portugueses em condições idênticas) pago ao estado... Mas nem vale a pena voltar a falar nos "beneficiários" indevidos dos milhões de euros "desviados" nos últimos anos, sob o beneplácito do poder político que nos tem governado... Quanto à “pesca” que foi obrigado a fazer, apenas me limitei a mandá-lo cumprir aquilo que advoga para os outros… Mas, mesmo assim, não fez bem o trabalho pois continua a baralhar as situações: pede números do RSI e “fala” de números das… “Novas oportunidades”!!! Depois refere o número de beneficiários do RSI que “conseguiram emprego” mas esquece-se que “a alteração de rendimentos continua a ser a principal causa de cessação da prestação RSI, com grande representatividade, 52,4%” das cessações.
 Entretanto, o autor do comentário calcula a percentagem dos que conseguiram emprego considerando todos os beneficiários, como se todos eles estivessem em condições de assumir, de imediato, um emprego, nesta época com uma taxa de desemprego nunca vista… É que os beneficiários potencialmente empregáveis (e se existirem empregos…) serão muito menos de metade pois, sem falar em doentes e idosos, 40 % dos beneficiários são menores. Com estes erros de cálculo, espero que o autor do comentário não seja orçamentista pois, então, produzirá piores orçamentos do que os do governo PSD/CDS! Além disso, para promover a empregabilidade é necessário resolver, também, outros problemas a montante. Apenas um exemplo real (entrevista na tv): uma beneficiária candidatou-se a empregada de mesa mas, quando sorriu, porque tinha os dentes “podres”, foi rejeitada. Sabemos como a segurança social não resolve estes problemas e que não é com o RSI (88 € por beneficiário) que esta mulher vai arranjar os dentes...
Mas os dados reais, quantitativos e qualitativos (incluindo críticas verificadas), recolhidos da execução deste programa social positivo, não devem servir apenas para enfeitar os relatórios com bonitos gráficos! Devem, sobretudo, servir para refletir, decidir e agir em função dos objetivos pretendidos! Na realidade, qualquer projeto que se pretenda desenvolver tem um ciclo de 4 fases principais: 1 - Planeamento (definir os objetivos e os processos necessários para atingir os resultados desejados); 2 - Concretização (executar os processos planeados, recolher os dados referentes aos resultados obtidos); 3 - Verificação (com os dados recolhidos, analisar os resultados obtidos e compará-los com os resultados desejados/planeados); 4 - Correção ( definir ações para corrigir as diferenças significativas detetadas entre os resultados obtidos e os resultados desejados). O ciclo renova-se voltando à fase 1, onde o plano e os processos são atualizados com as ações retificativas decididas na fase 4.
Este é, na minha opinião, o procedimento correto para que o programa evolua em melhoria contínua… Mas estará o atual governo interessado nisto?
Quanto à questão que coloca “onde vai buscar o dinheiro para sustentar o estado social” fica para uma próxima oportunidade. Mas, desde já lhe digo, não tenha tanta pena dos que “têm os capitais em offshores” !!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ficamos então à espera da resposta à pergunta “onde vai buscar o dinheiro para sustentar o estado social” e nomeadamente o RSI.
Enquanto os outros apoios sociais são baseados em contribuições, e que, como muito bem diz, desconta (tal como eu) há anos para poder ter direito a assistência na saúde, desemprego e a uma justa reforma, o RSI sai de um saco para onde ninguém contribui directamente.
O ser político aqui é o tipo de resposta que se dá a perguntas concretas, utilizando manobras de diversão para não responder, ou usar apenas aquilo que lhe interessa.
Começou por afirmar que a mentalidade "anti-RSI" era formada pelos media,mas quando lhe dá jeito dar um exemplo individual passado na TV, já serve.
Por exemplo, quando deram uma reportagem de uma empresa agrícola que ofereceu dezenas de empregos e acabou por contratar empregados asiáticos porque no centro de emprego apenas conseguiu arranjar um, isso não serve.
Ou quando mostram bairros inteiros em que dificilmente encontram quem não seja beneficiário do RSI, também não interessa.
Hoje, felizmente já foi tomada a 1ª medida realista. Em vez dos anteriores 3 anos, passam a ser apenas 12 meses e é excluído quem tenha património.
Dá ainda o exemplo do meu crime de análise percentual como se importasse muito se a percentagem de empregos foram 158/300000 ou 158/150000.
São números de INSERÇÃO e é com esses que são gastos anualmente centenas de milhões de euros.
Um pouco caro não acha?
É que com o desemprego elevadíssimo, ainda assim, este numero refere-se a uma amostra de centenas de milhares de beneficiários, por todo o País, e durante 12 meses. Pouco mais de 10 empregos por mês...
A juntar a isso, diga-se que onde se sente maior falta de oferta é em empregos qualificados, o que não é o caso dos beneficiários do RSI.
Em vez de se refugiar em estatísticas e números oficiais, fale com empresários que tentaram contratar pessoal através de centros de emprego e que acabaram por desistir na maioria dos casos.
Termina afirmando que tenho pena de quem tem os capitais em offshores...
Viu isso escrito, ou imaginou porque lhe dava jeito ao comentário?
Que fique claro para si que também acho que devam existir apoios sociais a famílias necessitadas.
Divergimos provavelmente é no conceito generalista de necessitado e na forma de apoio.
Para si os feirantes devem ter RSI?
E quem tem uma loja a vender os mesmos produtos, que paga os seus impostos (IVA, S.S, IRS/IRC) não o tem porquê?
Não concebo que quem desconta durante uma vida de trabalho vá ser penalizado no seu futuro, e dos seus, por quem não descontou ou em muitos casos, não quis descontar.