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quinta-feira, 14 de abril de 2011

'Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução'

Otelo Saraiva de
Carvalho
Otelo Saraiva de Carvalho ouve todos os dias populares dizerem-lhe que o que faz falta é uma nova revolução, mas, 37 anos depois, garante que, se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de abril.
Apesar de estar associado ao movimento dos "capitães de abril" e aceitar o papel que a história lhe atribuiu nesta revolução, Otelo não esconde algum desânimo. Ele, que se assume como um "optimista por natureza". "Sou um optimista por natureza, mas é muito difícil encarar o futuro com optimismo. O nosso país não tem recursos naturais e a única riqueza que tem é o seu povo", disse, em entrevista à Agência Lusa.
Otelo lamenta as "enormes diferenças de carácter salarial" que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna. "Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 5:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?", questiona, sem esconder o desânimo.
Para este eterno capitão de abril, o que mais o desilude é "questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas". Uma delas, que considera "crucial", era a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura".
"Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza", adiantou. Esses milhões, sublinhou, significa que "não foram alcançados os objectivos" do 25 de Abril.
Por esta, e outras razões, Otelo Saraiva de Carvalho garante que hoje em dia não faria a revolução, se soubesse que o país iria estar no estado em que está. "Pedia a demissão de oficial do exército, nunca mais punha os pés no quartel, pois não queria assumir esta responsabilidade", frisou.
Enviado por um comentarista (Lusa)
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1 comentário:

Anónimo disse...

Com a inteligência que lhe é reconhecida, o líder máximo das FP-25 de Abril falou.

O homem fala de injustiças, sem no entanto se referir às 17 pessoas que o grupo terrorista – FP25A assassinou.

Fala de arrependimento, mas nunca por uma vez que fosse, se retractou das 17 vidas que ceifou de forma cobarde.

Fala da injustiça, mas esqueceu-se do sofrimento dor que provocou a muitas mães, mulheres, filhos, irmãos.

Fala de pobreza, mas esqueceu-se do clima de medo e terror que instaurou nos idos anos 80 ou dos mandatos de captura em branco que emitiu em 1975.

Ainda me surpreende que por ignorância, incompetência ou má-fé jornalística, ainda haja quem lhe dê espaço e audiência noticiosa.

in: http://oinsurgente.org/