"Não tenho nenhuma confiança no cidadão Sócrates"



Belmiro de Azevedo

Belmiro de Azevedo diz não confiar no "cidadão Sócrates" e faz nota da falta de experiência governativa de Passos Coelho.

"Não tenho nenhuma confiança no cidadão Sócrates. Respeito o primeiro-ministro porque representa o poder", disse hoje o patrão da Sonae na RTP. José Sócrates, acusou Belmiro, "do ponto de vista ético demonstrou ter prejudicado [a Sonae] sem razão" na OPA sobre a Portugal Telecom (PT).

Já Passos Coelho "há uma coisa que já provou: ganhou a maioria do partido". Ainda assim "ninguém pode emitir opinião" porque "não teve experiência política anterior".

Para Belmiro de Azevedo a chave do próximo Governo estará em "três ou quatro ministros essenciais", dando destaque às pastas das Finanças, Obras Públicas e Segurança. O gestor argumentou que "não podemos ter ministros gastadores", mas lamentou, ao mesmo tempo, que "a maioria das pessoas competentes não faz parte daquele clube que manda sem saber".

O "ideal", apelou Belmiro, é que o próximo Executivo seja "um governo maioritário ou um governo minoritário que faz um acordo pós-eleições". No entanto, antecipou, até 5 de Junho vai continuar a "brincadeira" da caça ao voto. Depois das eleições, assegura, ou cumprimos "voluntariamente" o programa acordado com as instâncias internacionais ou "seremos obrigados" a cumpri-lo.

De qualquer forma, para o líder da Sonae abandonar o euro está fora de questão. "Ai de nós se regressarmos à Idade Média, não acredito nem de longe nem de perto que isso possa acontecer", declarou.

Sobre a eventual venda de activos da parte do Estado, Belmiro diz que para privatizar "tem de ser a sério". "Privatizar bocados de uma empresa com o Estado lá dentro só aumenta a confusão", argumentou, dizendo que "o Estado pode de facto privatizar [a Caixa] desde que introduza gestão transparente" dentro do banco público.

"O Estado deve fazer a função mais nobre, que é fazer leis. Teoricamente o Estado não tem que estar em nenhuma organização" por "poder controlar a economia pela via legal", concluiu o empresário que garantiu não estar interessado nas empresas do universo público e lamentou o facto de o Estado "dar ordens às empresas privadas".

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