O secretário-geral do PCP disse que o próprio Governo considera que chamar “negociação” aos contactos que tem mantido com a ‘troika’ em relação à ajuda externa é “quase um eufemismo”.
“Eu não queria aqui fazer nenhuma inconfidência, mas chamar àquilo negociação, o próprio Governo tem dificuldade em afirmar que está a negociar”, afirmou esta noite o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, numa entrevista à TVI, conduzida pela jornalista Judite de Sousa.
Segundo Jerónimo de Sousa, nos contactos entre a ‘troika’ e o Governo, o que se está a passar é apenas uma transmissão de informação.
“Em termos de substância, de conteúdo ou até de negociação, eu - parafraseando alguém do Governo - diria que chamar negociação é quase um eufemismo”, acrescentou.
Tal posição, admitiu o secretário-geral comunista, pode existir devido ao “tempo ainda verde, com pouca substância” dos contactos entre o Executivo de José Sócrates e a ‘troika’.
Contudo, salientou, esse foi o argumento dado pelo Governo para ainda existir “tão pouca informação” para transmitir aos partidos da oposição relativamente à negociação da ajuda externa.
Questionado sobre que membro do Governo terá dito que “é quase um eufemismo” falar em negociação, Jerónimo de Sousa acabou por adiantar que foi o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira.
Jerónimo de Sousa revelou ainda que o Governo já contactou o PCP, através do deputado Agostinho Lopes, para dar informações sobre como estavam a decorrer as conversas com a ‘troika’, mas tratou-se apenas de “um primeiro contacto, uma informação muito genérica”.
Na entrevista, o secretário-geral comunista voltou a insistir na tese de que a ajuda externa solicitada por Portugal “não é a solução” porque se está perante “uma imposição, em que já está tudo muito determinado”.
Como alternativa, Jerónimo de Sousa voltou a apontar a “renegociação da dívida”, considerando que esse é um passo que “vai ser fundamental”.
O secretário-geral do PCP responsabilizou uma vez mais PS, PSD e CDS-PP pela situação do país, “porque são eles que têm estado no poder nos últimos 25 anos”, defendendo a necessidade de “romper com esse caminho” e a constituição de “um Governo patriótico e de esquerda”.
Questionado se o PCP aceitava um Governo de iniciativa presidencial, Jerónimo de Sousa deu a entender que não, apontando igualmente o Presidente da República como um dos responsáveis pela situação do país, alegando que Cavaco Silva tem procurado “salvar a política de direita”.
Recusando a ideia do PCP ter “amarras ideológicas”, o secretário-geral escusou-se a responder diretamente se o PCP irá promover “agitação social” face à situação do país.
“Vamos promover a luta por direitos e por objetivos e reivindicações justas”, disse apenas Jerónimo de Sousa.
«Lusa»
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