O antigo Presidente da República criticou a "diabolização do FMI" por parte de José Sócrates e diz que o tempo é de "fortificar o regime".
Em entrevista à Rádio Renascença, Mário Soares alertou para a necessidade de haver "muito bom senso" por parte daqueles que estão a negociar o resgate de Portugal com as instituições internacionais, já que "há o risco de convulsões sociais, como aconteceu no tempo do PREC, se não for tida em conta a coesão social".
Na mesma ocasião, o ex-Presidente da República afirmou ainda que foi um erro José Sócrates ter "diabolizado a vinda do FMI" e notou que um dos factores que fez com que o pedido de ajuda fosse 'precipitado' foi que "nessa quarta-feira [dia 6 de Abril, em que o Governo pediu oficialmente auxílio] as pessoas começaram a correr aos bancos para guardar o dinheiro debaixo do colchão".
Mário Soares teceu ainda algumas críticas à actuação de Cavaco Silva durante este mandato, sublinhando que "temos uma excelente Constituição e que o Presidente tem poderes suficientes, tem é que os saber exercer e isso é com ele".
No entanto apontou como sinais positivos o facto de Cavaco ter decidido falar do Palácio de Belém, no próximo dia 25 de Abril, o que se traduzirá em alguma proximidade com o povo, e também o facto de ter convidado os ex-presidentes para se juntarem a ele nas comemorações, sublinhando que esse é um sinal muito positivo. "Cavaco quer com esta convocatória sinalizar que é necessário fortificar o regime", afirmou.
Na mesma entrevista não faltaram ainda críticas aos parceiros europeus, sobretudo à Alemanha de Angela Merkel que, segundo Soares, se tem esquecido de quão importante foi a contribuição de todos os Países da União para a reunificação alemã.
«ES»
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