Por: Arlindo Moreira |
Nesta altura já não é fundamental sabermos quem foram os culpados pela sua vinda a Portugal. Mas, o que é verdade, é que os técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) estão cá e, creiam, não foram eles que decidiram vir por iniciativa própria. Fomos nós que os chamámos e chamámo-los porque, a acreditar nos sábios da economia portuguesa, a situação financeira que o país atravessa é muito grave.
O FMI foi fundado em 1945, período pós Segunda Guerra Mundial, por 45 países, em Bretton Woods, New Hampshire, nos Estados Unidos da América. Actualmente conta com mais de 187 nações, sendo Portugal uma delas há um pouco mais de 50 anos, ou seja, é membro efectivo desde 21 de Novembro de 1960, conforme o Decreto-Lei N.º 43.338, assinado pelo então Presidente da República Américo Thomaz e pelo Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar.
Porém, existem siglas nas quais são colados rótulos e conotações tão negativas que dificilmente se apagam, como é o caso das iniciais do FMI. No entanto, falar-se do FMI como vulgarmente o fazemos hoje, quanto a mim, não é justo! Claro que isso só acontece porque esta sigla é-nos badalada permanentemente de forma pejorativa (papão) sendo isso, por consequência, o que o nosso cérebro regista com mais facilidade, tentando turvar-nos a mente e desviar a nossa atenção dos reais problemas que o país está a atravessar, quiçá por conveniência e estratégias partidárias.
Todavia, é importante que tenhamos em conta que o FMI é uma organização internacional que tem por objectivo assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro e monetário mundial, supervisionando as taxas e a balança de pagamentos, através da assistência técnica e financeira refinadamente especializada e atenta e é, por consequência, uma organização extraordinariamente importante para o mundo globalizado. Dentro deste espírito, o FMI veio para Portugal porque o chamámos, veio porque precisamos dele e veio, principalmente, porque não fomos capazes de resolver os nossos próprios problemas sem a necessária ajuda externa.
Por isso, para que possamos viver menos angustiados o nosso dia-a-dia, torna-se imperioso que interiorizemos, individual e colectivamente, que o FMI somos todos nós e que, por consequência, nos devemos habituar a conviver com estas três letras, a entender, a concertar e a aceitar os seus pontos de vista, que deverão também passar a ser os nossos. Precisamos, portanto, de ter a humildade suficiente para aprendermos e tentarmos não cometer os mesmos erros no futuro. Portanto, como pessoas de bem que somos, enfrentemos e admitamos, todos em conjunto e sem excepção, as nossas responsabilidades e não culpemos mais aqueles que afinal de contas nos vêm tentar ajudar, ou seja, devemos perceber, definitivamente, que o FMI, que o BCE e que o FEEF estão em Portugal porque os chamámos, e se os chamámos, é porque precisamos deles. Por isso, devemos-lhes o devido respeito!
Devemos estar também mentalmente preparados para conviver com mais desemprego, com mais dividas, com taxas de juros mais elevadas, com menos apoio social, com mais pobreza, em suma, estarmos preparados para as dificuldades acrescidas que vamos enfrentar e que vão ter impacte substancial no nosso sistema social, um dos pilares fundamentais da nossa sociedade.
Façamos ainda votos para que na União Europeia não haja desunião, tal como os ventos estão a soprar de alguns países e as ajudas que tanto estamos necessitados cheguem a tempo, para que o Estado possa cumprir com os seus compromissos externos e internos, nomeadamente com os ordenados dos funcionários públicos e da empresas estatais, pensões de reforma, sistema nacional de saúde, fornecedores em geral, etc.
Chegados a este ponto, devemos exigir aos nossos políticos, incluindo ao senhor Presidente da República, que estejam à altura dos acontecimentos, que nos respeitem e que saibam negociar convenientemente com os nossos parceiros sem olharem a querelas políticas.
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