Fernando Nobre não é um troca-tintas que se vendeu por um tacho, como gritam por aí as virgens ofendidas que o apajaram na campanha das Presidenciais. A sua "traição" seria demasiado revoltante, inaudita, exprimindo até algum destrambelhamento mental.
Mas não se trata disso. Fernando Nobre é um corredor de fundo e tem um projecto.
Ele é monárquico, como já aqui o referi várias vezes
Ao candidatar-se à Presidência da República a sua agenda era a de repor a questão monárquica em dia, quando chegasse a altura. Agora, ao propor-se a segunda figura da República, Presidente do Parlamento, retoma o seu projecto.
Vejo que na sua declaração de aceitação de candidatura nunca refere a Constituição da República. Há uma frase sua que é muito significativa:
Serei um Presidente da Assembleia da República escrupulosamente respeitador das instituições e do Estado mas não renegarei nunca as minhas convicções, a minha vocação de humanista, e os valores e desígnios da Cidadania.
Fernando Nobre é a nova face da da velha aspiração monárquica: implantar a monarquia usando os instrumentos da República - como aliás já os republicanos haviam feito no Parlamento da Monarquia.
Daí não viria mal ao mundo não fosse o caso de "esconder" cuidadosamente esse seu projecto e dos seus correlegionários.
Mas qual é a hipótese da monarquia? E como pode F. Nobre minar a República?
A resposta está na doutrina difundida pelos meios monárquicos, de que o Instituto da Democracia Politica é a imagem institucional e cujo Presidente da Direcção é o Dr. Mendo Castro Henriques, conhecido monárquico, como se pode ver AQUI.
Trata-se de monárquicos de convicção democrática que apontam como estratégia política a realização de um referendo para que o povo português se pronuncie sobre um possível regresso â Monarquia. Fundam a sua esperança no crescente desprestígio das instituições republicanas e dos políticos que as servem. Sabem que a figura de D. Duarte Nuno é politicamente débil e incapaz de gerar entusiasmo. Mas ele tem filhos, herdeiros legítimos da pretensão ao trono. É um projecto a longo prazo que supõe passos intermédios. Como os que Fernando Nobre tem dado e se propõe retomar.
Por: Méon
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