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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tea Party, GOP e reformas educativas nos EUA

Por: Ramiro Marques

Os EUA são, provavelmente, a par de Portugal, um dos países que levou mais longe a ideia da existência de uma associação entre a avaliação de desempenho dos professores e a melhoria das escolas.
Mas essa é uma falsa solução.
Os países que têm melhores resultados no PISA não impõem aos professores modelos padronizados de avaliação de desempenho. São poucos, aliás, os países que criaram modelos padronizados de avaliação de professores. Aqueles que levaram por diante modelos de avaliação desse tipo, como os EUA e Portugal, ocupam os últimos lugares do PISA.
Desde que Obama chegou ao poder, a avaliação de desempenho dos professores passou a ser uma obsessão. Arne Duncan, o homem que é responsável pelas políticas educativas a nível federal, é um fanático da avaliação de desempenho dos professores em função dos resultados dos alunos em testes padronizados.
Diga-se em abono da verdade que esse modelo sempre é melhor do que a farsa da avaliação de desempenho criada pelo Governo socialista de Portugal. Pelo menos, garante alguma seriedade e objectividade.
A par da avaliação de desempenho em função dos resultados dos alunos em testes padronizados, há outro conjunto de medidas reformistas que varrem a América e deixam as duas confederações sindicais - a NEA e a AFT - em fúria: a criação de charter schools e o pagamento de salários de acordo com o mérito.
A Florida foi o Estado que levou mais longe o "merit pay", as charter schools e o cheque-educação.
Mas o que está a enfurecer mais a National Education Association e a American Federation of Teachers é o fim da obrigatoriedade da sindicalização para exercer a profissão docente e a desregulação no acesso à profissão docente, um fenómeno que ocorre em milhares de charter schools e que está no topo da agenda educacional dos republicanos, agora vitoriosos no Congresso e em 35 dos 50 Estados.
Impulsionado pela energia do movimento Tea Party, o GOP (Partido Republicano) vai usar a vitória nas eleições de 3 de Novembro para reduzir a influência do Departamento Federal de Educação, aprofundar o movimento de criação de charter schools e desregular o acesso à profissão docente, alargamento a base de recrutamento a mestres e doutores de cursos não vocacionados para a docência.