Por: Ramiro Marques
É óbvio que as greves gerais ou sectoriais não resolvem nenhum problema dos professores e podem agravar a credibilidade do país e os níveis de confiança dos nossos credores. Criar a ideia aos credores internacionais de que o País é ingovernável é o pior que os portugueses podem fazer.
Um dia depois da greve geral, o Parlamento aprovou uma proposta do Governo que cria excepções nas empresas públicas ao regime dos cortes salariais.
Na prática, a probabilidade de serem apenas os funcionários públicos no activo a sofrerem cortes salariais que podem atingir os 10% é muito grande. Todos os professores do quadro são "apanhados" pelos cortes salariais. As excepções vão generalizar-se a todo o universo das empresas públicas e municipais, aumentando a probabilidade de ocorrência de mais cortes na função pública.
O mais provável é que o Governo volte a cortar salários, em 2011, apenas aos funcionários públicos no activo, incluindo professores.
As greves de funcionários públicos, incluindo professores, não assustam o Governo. Ajudam o Governo a desviar as atenções dos outros portugueses dos verdadeiros culpados da situação a que o País chegou. O Governo pode até contabilizar apoios noutros sectores profissionais ao apontar o alvo apenas aos funcionários públicos. Enquanto comem aqueles, passo eu pelos pingos da chuva, é a sensação que muitos portugueses têm ao saberem que os professores vão ter cortes salariais que rondam os 7%.
A única luta eficaz, no actual momento que o País atravessa, é a luta política, pura e dura, contra o Governo socialista, através de manifestações multiplicadas por todas capitais de distrito, vigílias na 5 de Outubro, concentrações de protesto em todos os locais onde os membros do Governo apareçam e combate político e ideológico nos blogues e redes sociais contra o Governo e o socialismo.
Mas a luta política dirigida contra os cortes salariais selectivos e discriminatórios, o excesso de burocracia, reuniões e relatórios e a avaliação de desempenho não deve esquecer os professores e os portugueses em geral que a única saída para a crise é a economia começar a crescer a bom ritmo. Só um crescimento do PIB superior a 3% cria emprego.
Para que isso aconteça o Estado tem de reduzir despesas, privatizar as empresas públicas despesistas e deficitárias e os portugueses têm de trabalhar mais e durante mais tempo. Os níveis de protecção social aos instalados têm de diminuir, as leis do trabalho têm de ser mais flexíveis, a lei das rendas tem de se ajustar ao mercado e a produtividade e competitividade da economia têm de crescer.
Países como a Alemanha, Suécia, Holanda, Polónia, República Checa e Eslovénia apontam o caminho a seguir: redução da despesa pública, Estado mais pequeno, Governo limitado, menos socialismo e mais liberdade.