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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Apontamento - Valha-me Nossa Senhora de Fátima

Por:
Anabela Melão
Leio que o Estado (alguém adivinha a que "estado" me refiro?) vai pagar a padres de Fátima milhões perdidos em "especulação" no BPN. Fátima "especula"!? - espanto-me (ou talvez não!). Parece que, durante um ano, uma instituição religiosa de Fátima entregou 3,5 milhões de euros a um gestor do BPN que prometia juros superiores aos dos depósitos a prazo. Só que, afinal, o dinheiro foi desviado e perdido na Bolsa. E agora o Estado vai pagar tudo. A condenação do BPN foi decidida pelos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, numa acção cível. Estes consideram que o Instituto Missionário da Consolata tem direito a receber tudo aquilo que entregou ao gestor bancário Leonel Gordo, de 46 anos, entre 2004 e 2005, em cheques mas também em dinheiro vivo, para investimentos especulativos e de alto risco. Até aqui, faça-se Justiça. Mas "e os outros"!? Proponho que a Igreja Católica abra aqui o seu próprio banco (e não me refiro a delegações via Opus Dei) e que forme agentes especuladores a quem possamos tranquilamente entregar o pouco dinheiro que nos resta. Ao menos assim saberíamos que estava certo e seguro e que a Igreja (ciente da bondade desta decisão e desejosa de estender o seu alcance aos "outros", incluindo aqui fiéis e infiéis, se aprontaria a devolver as perdas dessa "especulação"!? Ou será que isto não funcionaria na inversa?! Valha-me Nossa Senhora de Fátima - e não me acusem de invocar o nome Dela em vão, porque qualquer santo partilhará destas perplexidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Junto-me à sua indignação. A única dúvida que me assalta é se esse Daniel Gordo informava o IMC que o dinheiro não seria aplicado em Depósitos a Prazo.
Se informava, o IMC ou qualquer outro depositante sujeita-se à rentabilidade que o produto desse.
Se é negativo, está em pé de igualdade com milhares de portugueses que aplicaram o seu dinheiro em produtos de risco e que hoje têm pouco mais que zero.
Estranho é que os Srs. Juízes do STJ que usam a política de avestruz quando se trata de direitos de trabalhadores, neste caso tenham decidido tão pronto e tão assertivamente para o lado do Clero.
É por essas e por outras que justiça à portuguesa vale ZERO!
Quando se trata de um pequeno depositante, que perde as poupanças de toda uma vida de sacrifício, as decisões são sempre vagas e passíveis de recursos sobre recursos.
Com um pouco de sorte, ao fim de 20 anos tem uma decisão e ainda que favorável, nunca repõe as perdas.
Quando é gente poderosa e bem encostada as decisões são rápidas e claras.