Na
maioria das câmaras portuguesas, vive-se um estranho vazio de poder. Os
presidentes já pouco ou nada mandam. E isto porque quase dois terços estão de
saída, por força da lei que limita os mandatos.
Nos
últimos tempos, com a perspectiva do abandono, os poderes clientelares que os
autarcas criaram ao longo de anos começam a rebelar-se contra eles.
Multiplicam-se já as lutas fratricidas pela sucessão.
São
muitos os jogos de sombras e as manobras de bastidores.
Os
presidentes cessantes, salvo honrosas e raras excepções, ficaram embriagados
por anos de poder e combatem agora ferozmente pela sua sobrevivência política.
Alguns
anseiam por um posto na administração pública ou disputam um cargo numa
qualquer empresa pública.
Este
caminho é uma tentação sobretudo para os social-democratas, que assim
aproveitam a boleia das recentes mudanças governativas. Mas os
"tachos" são hoje menos e mais pequenos. E ainda bem!
Há
ainda quem tente a sua sobrevivência na política autárquica, anunciando a sua
eventual candidatura a um concelho vizinho, cujos eleitores se renderiam aos
seus encantos.
Tentam
desta forma manter o seu grupo de apoiantes coeso e os seus negócios intactos.
Mas sabem que não vão poder candidatar-se.
A
lei de limitação de mandatos determina que "o presidente de câmara
municipal só pode ser eleito para três mandatos consecutivos". E afirma
ainda que "um presidente de câmara municipal, depois de concluídos os
mandatos referidos, não pode assumir aquelas funções (de presidente
"de" câmara) durante o quadriénio imediatamente subsequente ao último
mandato consecutivo permitido". Claro como água.
A
limitação de mandatos veio pois condenar os caciques, os presidentes
plenipotenciários de outrora, a uma angústia sem solução.
Um
lugar na administração pública, pouco provável, não lhes confere o poder nem os
negócios a que estão habituados. E uma nova candidatura é uma miragem.
Em
desespero e agarrados ao poder, arrastam-se agora até ao final do mandato, sem
honra nem glória.
Fonte: jornal
CM
Enviado por um leitor
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