Por mais que os directores das escolas estatais queiram dedicar o seu tempo e energia à liderança educativa e pedagógica, o ministério da educação não deixa.
A estratégia do ME para impedir que os directores se concentrem na melhoria da qualidade do ensino integra o processo de revolução permanente em torno da produção legislativa contraditória e mal escrita e a colocação da gestão de carreiras do pessoal docente no centro da missão da escola.
As circulares que a DGRHE enviou, na sexta-feira, para as escolas sobre a correcção dos erros verificados no reposicionamento dos professores nos vários escalões da carreira exemplificam o que disse atrás. O ME passa o tempo a desviar as atenções dos directores e dos professores da missão essencial da escola: ensinar.
Bem pode Adalmiro Fonseca, Presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas, queixar-se de que as decisões erradas não foram tomadas pelos actuais directores e lamentar que o ME queira penalizar os directores pelos erros cometidos. Aquilo que Adalmiro Fonseca devia dizer e não diz é que as escolas estatais não podem aceitar que o Governo continue a lançar para cima delas legislação contraditória e orientações que tornam, a cada dia que passa, mais difícil concretizar a missão de ensinar.
E, caso fosse coerente e corajoso, devia apelar aos directores à opção pela resistência passiva em nome da defesa da missão para que foram eleitos: melhorar a qualidade do ensino.
A mensagem forte que este ME precisa de ouvir é a seguinte: deixem os professores ensinar e parem de desviar as atenções dos directores daquilo que é importante. Os directores não são gestores de carreiras. São líderes educacionais. As escolas existem para prestar serviços educativos às crianças e aos jovens; não é para serem palcos de experimentalismos pedagógicos inúteis nem para gerirem carreiras de professores.