Por: Ramiro Marques
O actual modelo de avaliação de desempenho constitui um dos factores mais graves do bloqueio à melhoria da qualidade de ensino. Assim é porque envenena o ambiente na escola, desincentiva o trabalho colaborativo dos professores, penaliza os docentes que mais investem na sala de aula e nas práticas pedagógicas, premeia os docentes que se dedicam ao show off e os papa-cursos e desvia a atenção dos directores, coordenadores de departamento e docentes do ensino, forçando-os a aplicarem o tempo em projectos de faz-de-conta e na avaliação burocrática entre pares.
Há solução para acabar com esta farsa?
Há. Vejo duas opções possíveis.
Ou o regresso ao modelo anterior ao Governo socialista de António Gueterres com uma prova pública para quem quisesse submeter candidatura ao 8º escalão ou um modelo simples e objectivo que faça depender a avaliação de desempenho dos professores dos resultados escolares dos alunos em exames nacionais.
A última solução é usada cada vez mais nos EUA e tem vindo a ser promovida pela Administração Obama.
Neste caso, será necessário introduzir factores de ponderação que tenham em conta o rendimento económico das famílias dos alunos.
Não são os resultados em termos absolutos que seriam mobilizados para avaliar os professores, mas sim a evolução dos resultados ao longo de um determinado período.
Convém, no entanto, dizer que não há evidências científicas que mostrem a existência de uma relação entre avaliação de professores e melhorias nos resultados escolares dos alunos.
Os raros países que introduziram modelos de avaliação de professores indexados à progressão na carreira fizeram-no para reduzir a despesa com salários. Foi o caso de Portugal.
Mais importante do que avaliar os professores é introduzir mais rigor no acesso à profissão docente e tornar mais fácil a saída forçada da profissão aos que se revelam incapazes de ultrapassar as insuficiêcias. Com isso, o ME não se preocupa.