Em declarações à agência Lusa, o dirigente comunista Jorge Cordeiro
criticou que se ache que "com uma gestão dos silêncios se consegue
intervir mais ou intervir melhor".
"Estes silêncios são seguramente para se distanciar do Governo, mas a
verdade é que o Presidente promulga o Orçamento e cada uma das leis que
retiram rendimentos e liquidam direitos dos portugueses, e não está a
fazer isso com silêncio, mas com um ruído imenso tomando partido por um
dos lados", afirmou.
Cavaco Silva defende que a situação do País impõe que o Presidente da
República não se deixe influenciar pelo ruído mediático ou pressões,
nem se deixe arrastar por pulsões emocionais ou afectar pelas tensões
que surgem nos tempos de crise.
No prefácio do livro "Roteiros VII" - que reúne as intervenções do
chefe de Estado proferidas ao longo do último ano - Cavaco Silva deixa
um "guião" sobre aquela que deve ser a actuação do Presidente da
República em tempos de crise, sustentando que além do conhecimento
rigoroso da dimensão e das razões da crise, "a obediência a uma cultura
de responsabilidade" impõe ao chefe de Estado que "não se deixe
influenciar pelo ruído mediático ou pelas pressões de grupos ou
corporações".
Neste texto, o Presidente da República diz ainda que a situação
política tem merecido a sua "permanente atenção e acompanhamento",
defendendo que a execução do programa de ajustamento exige solidez na
coligação governativa e "muito beneficiaria" com um consenso político
alargado.
Para Jorge Cordeiro, "este é um texto mais de um Presidente
comprometido com o rumo do desastre nacional, que perante o afundar do
País e o arruinar da vida dos portugueses lava as mãos como Pilatos".
"Mais do que palavras, o que os trabalhadores e o povo exigiriam do
Presidente é que respeitasse a Constituição e a soberania nacional",
defendeu.
O comunista considerou que os avisos do chefe de Estado são apenas
"votos piedosos", porque "a verdade é que de uma penada promulga um
Orçamento que no fundamental é a matriz essencial em que se fundamenta a
espiral recessiva".
"As palavras não batem com os actos", concluiu
«NM»
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