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sexta-feira, 29 de março de 2013

“O PS é favorável a que este governo cesse o seu mandato”

Carlos Zorrinho apresentou ontem a garantia, juntamente com a moção de censura ao governo que será debatida e votada quarta-feira
O PS entregou ontem na Assembleia da República o texto da moção de censura que será debatida e votada na próxima quarta-feira. A votação não trará surpresas, com a maioria PSD-CDS a travar a queda do governo, mas a intenção do PS é essa e o partido rejeita, por agora, falar noutros cenários.
Na conferência de imprensa, depois de entregue a moção, o líder parlamentar do PS fez saber que antecipar as legislativas é o cenário pretendido. “Neste momento, o PS é favorável a que este governo cesse o seu mandato”, disse Carlos Zorrinho quando confrontado com a antecipação das eleições legislativas.
Mas o presidente da bancada socialista rejeita que esta acção condicione o Presidente da República que, no seu entender, “estará certamente atento aos sinais, quer aos políticos que ocorrem na Assembleia da República, quer aos sinais expressos pela vontade dos portugueses”.
Há dois dias, Cavaco Silva veio condenar “jogos político-partidários que não acrescentam um cêntimo à produção nacional e não criam um único emprego”. No PSD, critica-se “uma política de promoção de instabilidade, exclusivamente porque decidiu de repente que quer ser governo, porque não respeita os ciclos governativos, ou seja, não respeita a democracia”. Palavras da vice-presidente da bancada do PSD, Teresa Leal Coelho, ontem no plenário.
Crise já existe No texto da moção, cujo primeiro subscritor é o líder António José Seguro, os socialistas defendem que esta iniciativa seja “um ponto de partida para sairmos das crises que vivemos. A crise política já existe. Esta moção oferece uma solução para a crise política”.
Para o PS, “há um novo consenso político em Portugal”, mas que só pode ser protagonizado por “um novo governo democraticamente legitimado, com forte apoio popular”. Os socialistas rejeitam, assim, qualquer solução que não passe por eleições, mantendo a rejeição de vir a integrar um executivo com o PSD ou um governo de incitativa presidencial. Este último já foi defendido por altas vozes socialistas, tal como a do fundador do partido Mário Soares, mas António José Seguro sempre foi frontalmente contra outra hipótese que não a de chegar ao governo por via de eleições.
O objectivo da censura também é clarificado: “Outro caminho é possível e necessário. Um caminho de esperança. Um caminho de ambição. Um caminho em que Portugal volte a ter voz na Europa.”
Quanto aos motivos que levam o PS a avançar, pela terceira vez na sua história, com uma moção de censura centram-se em três pontos: o desemprego, a recessão económica, o aumento da dívida pública e a “falha” no cumprimento do défice orçamental.
O PS utiliza a expressão do Presidente - “espiral recessiva” - para caracterizar a situação actual, fala em “afastamento dos diferentes partidos” e na “ausência de pensamento próprio” na frente europeia. Um cenário para o qual o partido de Seguro diz que avisou e que “o governo desperdiçou a derradeira oportunidade para mudar de rumo”. O PCP e o Bloco de Esquerda já disseram que vão aprovar a moção socialista.
«jornal i»

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