AS PREVISÕES DO BRUXO
ou
A ECONOMIA É UMA CIÊNCIA EXACTA?
As constantes falhas do ministro das finanças, sr. Gaspar, têm-me feito
muita confusão. São demasiado básicas para serem autênticas. A Economia não é o
boletim meteorológico do tempo do Borda d'Água. É uma ciência humana com
instrumentos rigorosos de análise. Um homem com a preparação académica de
Gaspar não pode fazer aquilo. Nem ele é burro.
Quando em 1997 Carlos Carvalhas, então Secretário Geral do Partido
Comunista Português, fez o discurso contra a entrada de Portugal no Euro, não
estava a deitar cartas do Tarot. Como economista que é e com os dados
disponíveis, fez uma análise que hoje nos parece - a nós, leigos na matéria - a
profecia de um iluminado.
Gaspar é um economista muito bem preparado. É minha convicção que as
suas "falhas" são uma das faces do enorme embuste em que estamos
mergulhados. Embuste alimentado por uma comunicação social avassaladoramente
ignorante - ou convenientemente cúmplice.
Todos aqueles burocratas do Ecofin são como os bonecos da Mandala,
manipulados pelos ricardos espírito santo da Europa. Dizem o que é conveniente
dizer para manterem as opiniões públicas adormecidas. O português Gaspar tem
dificuldade em desempenhar bem o papel, não por honestidade mental mas porque é
um actor canastrão, tem dificuldade em parecer "natural". Por isso
fala como um boneco, sem expressão nem sentimento. É um mau actor. Um fingidor
- mas finge tão mal que nem consegue que
pareça dor, a dor que realmente não sente.
Se fosse real, aquele homem deveria ser internado e medicado para uma
cura de sono de dez anos. Como não é -
os cúmplices do Governo, as gentes do PSD/CDS e jornalistas como camilo
lourenço sabem-no bem! - ele lá vai fazendo o seu papel e muito bem pago pelo
serviço.
Imagino-o a chegar a casa e a rebolar de riso com a credulidade dos
portugas que ainda o levam a sério...
Acusamos o Primeiro-Ministro e o Governo de, através da moeda única,
pretenderem amarrar Portugal a uma evolução federalista da União Europeia, sem
que para tal tenham mandato dos portugueses.
E acusamos o Primeiro-Ministro e o Governo de, pela recusa de um
referendo sobre a moeda única e sobre o Tratado da União Europeia, se
concertarem com a direcção do PSD para deliberadamente manterem os cidadãos à
margem de uma decisão que, indisfarçavelmente, afectará profundamente o futuro
dos portugueses e do País. Aliás não constando sequer do Tratado da União
Europeia o Governo aceitou há poucos meses o chamado “Pacto de estabilidade”
que prevê sanções que poderão ser muito lesivas para o nosso país que tem uma
economia frágil, sem qualquer debate prévio e sem qualquer mandato do povo
português. Um “Pacto” imposto pela Alemanha que subserviente e levianamente o
Governo assinou em nome dos portugueses e de Portugal.
E quando se questiona o Governo sobre as consequências para o nosso
aparelho produtivo, para as pequenas e médias empresas não exportadoras, ou
sobre quem vai pagar os custos operativos da introdução do “Euro”, cada Banco,
ou mesmo no pequeno comércio a resposta é inevitavelmente a mesma: não há outro
caminho, não há outra solução.
Depois quando o desemprego explodir, e ele já é bem superior ao que as
manobras estatísticas revelam, então lá teremos as desculpas dos
constrangimentos externos…
A verdade é que o Governo do eng. Guterres e o PS, irmanados com o PSD,
decidiram desde o princípio que o País tem de querer a moeda única e o Tratado
de Maastricht. E é a esse querer unilateral e autoritário que o eng. Guterres e
o Governo apelidam de “desígnio nacional”.
Mas para matéria tão decisiva o tão celebrado «diálogo» já não faz
parte dos atributos do Governo. Temos sim o diktat do “Pensamento Único” e dos
compromissos do governo PS. É caso para perguntar: de que tem medo o PS? Que
razões existem para tão grande falta de autoconfiança nas virtudes desse
paraíso anunciado que vos leva a proibir, nos termos constitucionais, que o
povo português seja chamado, por
referendo – como o PCP propõe – a pronunciar-se sobre a moeda única? Se
só temos vantagens com o “euro”, se tudo é “cor de rosa”, e “oásis” porquê ter
medo que seja o povo a decidir?
Argumenta o Sr. Primeiro-Ministro com os mercados que fustigariam o
escudo! Bela desculpa. Os mercados, Sr. Primeiro-Ministro, não são entidades
abstractas, têm rosto,
são os Bancos, é o capital financeiro. Têm rosto mas não têm certidão
de eleitor. Ou será que o governo PS entende que os mercados devem decidir pelo
povo português? Pela nossa parte rejeitamos a teologia economicista que confia
aos “mercados” o Governo de Portugal.
Nenhum governo tem legitimidade ou está mandatado para suprimir a moeda
nacional e substituí-la por uma moeda única da União Europeia imposta pelos
interesses do eixo franco-alemão.
O Governo e o PS (tal como o PSD) não querem o referendo porque não
querem o debate, e não querem o debate porque têm receio de que a sua
propaganda seja contestada, porque sabem que aquilo que apregoam a favor do
euro é uma mistificação, porque o seu diálogo, é um diálogo de sentido único,
só para falarem mas não para ouvirem, e muito menos para considerarem o que
ouvem.
Porque o PS (e o PSD) sabe que a moeda única e o caminho seguido põe em
causa e subalterniza o princípio da “coesão económica e social”, tem pés de
barro e os ditos critérios não têm qualquer fundamento económico ou científico.
É um caminho para mais desemprego e subemprego, que fragiliza e põe em
causa o aparelho produtivo nacional e o futuro soberano e democrático de
Portugal.
europeu e mundial quando confrontados com os nossos principais
concorrentes, os países fora da zona do euro, os países asiáticos, os países do
continente americano, com as suas moedas e taxas de câmbio próprias?
No mercado comunitário, incluindo no mercado nacional, face à menor
eficiência da nossa economia, os produtos portugueses ou aparecerão mais caros
e as empresas terão dificuldades acrescidas na venda, ou terão preços
semelhantes aos de outros países comunitários e as empresas portuguesas
venderão com margens cada vez menores ou mais certamente pela redução relativa
dos salários.
A moeda única é um instrumento de aprofundamento do mercado único e de
desregulamentação das fronteiras. Muitas e muitas empresas, bem como os
agricultores portugueses, que vendem para o mercado nacional, vão confrontar-se
também com a aceleração das importações feitas com mais baixos custos cambiais
e portanto com uma ainda maior substituição da produção nacional por produção
estrangeira. O encerramento de empresas e a crise em muitos sectores serão a
consequência lógica de tal processo. Seria por isso de grande interesse que o
governo nos dissesse aqui como é que a economia portuguesa vai aguentar o duplo
choque a que vai estar submetida: o choque da moeda única e o choque da
crescente abertura ditada pela O.M.C.
dinheiro, dos investimentos, das empresas, para as regiões da
Comunidade Europeia com maiores produtividades e dinamismo económico.
A vantagem «comparativa» que o Governo do PS se prepara para oferecer é
uma força de trabalho mais barata, com menos garantias sociais.
Aí virão os apelos e as chantagens sobre os trabalhadores para
políticas ditas de moderação salarial, de aumento da desregulamentação das
relações de trabalho, de mais precariedade, de maior facilidade de
despedimento, de mobilidade dos trabalhadores, de menor protecção social. E
isto num país onde os lucros das grandes empresas estão em alta e o
investimento em baixa, onde cerca de 50% da mão de obra tem vínculos precários
e onde se mantêm as artimanhas governamentais para que as 40 horas não sejam
cumpridas!
(… ) A moeda única não vai dar mais voz a Portugal. Bem pelo contrário.
A moeda única vai entregar a condução da política monetária e cambial, da
política fiscal e da política económica ao Banco Central Europeu, omnipotente e intocável, em cujas decisões
executivas dominadas pelo eixo franco-alemão, Portugal não participa.
(…) Como afirma recentemente um relatório do Conselho da Europa, o
«défice democrático que existe no seio da União Europeia agravar-se-á de
maneira intolerável».
É sabido também que os níveis económicos e monetários tendem a aumentar
o fosso entre as zonas mais desenvolvidas e as de menor desenvolvimento. A
história mostra-nos que para compensar tal tendência os governos foram
obrigados a reforçar através dos respectivos orçamentos as compensações a essas
regiões. Mas no caso da União Europeia como é sabido, os países ricos
recusam-se a reforçar o Orçamento comunitário e com o alargamento as pressões
negativas ainda vão ser maiores. Chegou a falar-se de um Fundo para o efeito,
mas tal foi abandonado.
(…) Para o PS do Eng. Guterres – ao contrário de outros partidos
socialistas – não há reservas, nem em relação ao «nó duro» do Euro, nem a uma
«zona alargada» do marco, nem há preocupações com o “Pacto de estabilidade”,
nem com a submissão a um Banco Central feito à medida do Bundesbank!
A moeda única não é um projecto de cooperação Europeia, não é um
projecto para o desenvolvimento das economias mais periféricas, e da economia
portuguesa em particular.
A moeda única é um projecto político que conduzirá a choques e a
pressões a favor da construção de uma Europa federal, ao congelamento de
salários, à liquidação de direitos, ao desmantelamento da segurança social e à
desresponsabilização crescente das funções sociais do Estado…
O Primeiro-Ministro vai procurando enfeitar o seu febril
fundamentalismo pela Moeda Única, pela Europa política, económica e monetária,
com a referência vaga a uma dita Europa social.
Mas a Europa social que os trabalhadores e o povo português reclamam
não pode resumir-se a meras frases vazias de conteúdo, nem à concepção de uma
Europa social “complementar” e de disfarce da Europa comandada pelo capital
financeiro em que o “social” apenas visa favorecer uma certa resignação dos
trabalhadores à pretensa inevitabilidade da baixa dos custos do trabalho.
Essa concepção instrumental, subordinada e propagandística do “social”
na Europa da moeda única é, aliás, perfeitamente comprovada com o facto de a
menção do emprego como princípio de valor equivalente à estabilidade monetária
ter sido rejeitada pelos governos dos quinze na Conferência Inter-
Governamental. Ou como, mais cruamente, a pôs a nu o presidente do Bundesbank
ao afirmar que “com a moeda única, o airbag social será suprimido”.
“A coesão económica e social” deve ser o objectivo central de qualquer
integração europeia e não uma vulgar opção que se junta em último lugar para
tornar o todo publicamente apresentável. De nada representaria amanhã uma gota
de “social” no oceano do desemprego, da pobreza, da desregulamentação, da
flexibilidade, da liquidação de direitos e do tudo à economia de casino que é o
que representa a Europa da moeda única.
É a própria lógica da actual construção europeia que está em questão”.
(…)
Por: Joaquim Moedas Duarte
1 comentário:
Acabo de passar pela rua do Matadouro e ao olhar para o edificio do matadouro que é da responsabilidade da autarquia e no fim de todas estas chuvadas,m estou para ver quando aquilo se vai desmoronar e quando isso acontecer se não vai por em causa a integridade fisica de quem lá estiver nesse momento.
Faço um apelo aqui aos responsáveis para que façam alguma coisa rapidamente antes que aconteça uma desgraça.
Eu sei que o edificio está escondido e pouco conta para a caça ao voto, mas desta vez ponham a segurança das pessoas á frente dos vossos interesses. O povo agradece.
Emilia
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