O protesto de centenas de milhares de pessoas em várias cidades do País vestiu-se de ‘Grândola, Vila Morena’ e pintou-se com ‘Que se lixe a troika’. As questões de fundo são, porém, mais dramáticas. Chamam-se desemprego e assalto fiscal, realidades intimamente ligadas entre si e resultantes do regime de austeridade imposto pelo Governo de Passos Coelho, na sequência do resgate da dívida pública contratado pelo executivo de José Sócrates.
Os portugueses protestam, mas não há quem os entenda. O Governo toma medidas como se brincasse a um monopólio político e não houvesse pessoas a sofrer com cortes orçamentais sempre mais cegos do que os que se fazem automaticamente nos Estados Unidos. Os partidos da oposição e as centrais sindicais manobram para ficarem mais fortes nas contendas do poder. Uns tiram e os outros não ajudam. Os portugueses querem trabalho para ganhar a vida e ninguém os atende. Os empregos criados pelo Estado custam sempre mais impostos e os sindicatos não criam emprego, embora inviabilizem muitos. Não admira que apareçam Grillos a cantar. É de momento o mais contundente som de protesto. Tornou a Itália ‘ingovernável', o que obriga todos a pensarem.
«CM»
Enviado por um colaborador
2 comentários:
A "moção de censura popular" lida no Terreiro do Paço pelos elementos do Que se Lixe a Troika está online. Um texto que "expressa a vontade de um povo que quer tomar o presente e o futuro nas suas mãos". "Em democracia, o povo é quem mais ordena." Na moção, lê-se que, com os protestos deste sábado, "o povo manifestou uma clara vontade de ruptura com as políticas impostas pela troika e levadas a cabo por este governo". "Basta! Obviamente, estão demitidos. Que o povo ordene!"
“Mais de um milhão e meio de pessoas em todo o país com uma mensagem clara: demissão”
Segundo a organização da manifestação “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!” mais de um milhão e meio de pessoas em todo o país exigiu a demissão do governo do PSD/CDS-PP. A adesão superou a da anterior manifestação de 15 de Setembro. No Porto, 400 mil pessoas encheram as ruas. No final da manifestação de Lisboa foi lida uma moção de censura popular perante um "Terreiro do Povo" repleto de manifestantes.
No final da manifestação “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas” de Lisboa foi lida a Moção de Censura Popular na qual é demitido o governo:
“Esta Moção de Censura Popular expressa a vontade de um povo que quer tomar o presente e o futuro nas suas mãos. Em democracia, o povo é quem mais ordena.
Os diferentes governos da troika não nos representam. Este governo não nos representa.
Este governo é ilegítimo. Foi eleito com base em promessas que não cumpriu. Prometeu que não subiria os impostos, mas aumentou-os até níveis insuportáveis. Garantiu que não extorquiria as pensões nem cortaria os subsídios de quem trabalha, mas não há dia em que não roube mais dinheiro aos trabalhadores e reformados. Jurou que não despediria funcionários públicos nem aumentaria o desemprego, mas a cada hora que passa há mais gente sem trabalho.
Esta Moção de Censura é a expressão do isolamento do governo. Pode cozinhar leis e cortes com a banca e a sua maioria parlamentar. O Presidente da República até pode aprovar tudo, mesmo o que subverte a Constituição que jurou fazer cumprir. Mas este governo já não tem legitimidade. Tem contra si a população, que exige, como ponto de partida, a demissão do governo, o fim da austeridade e do domínio da troika sobre o povo, que é soberano.
Que o povo tome a palavra! Porque o governo não pode e não consegue demitir o povo, mas o povo pode e consegue demitir o governo. Não há governo que sobreviva à oposição da população.
Esta Moção de Censura Popular é o grito de um povo que exige participar. É a afirmação pública de uma crescente vontade do povo para tomar nas suas mãos a condução do país, derrubando um poder corrupto que se arrasta ao longo de vários governos.
No dia 2 de Março, por todo o país e em diversas cidades pelo mundo fora, sob o lema "Que se lixe a troika! O povo é quem mais ordena", o povo manifestou uma clara vontade de ruptura com as políticas impostas pela troika e levadas a cabo por este governo.
Basta! Obviamente, estão demitidos. Que o povo ordene!”
«ESQUERDA.NET»
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