«Há sectores do PS que não gostam desta Justiça. Será porque a mesma não foi controlável? Não sei, mas sei que um partido ou um governo não pode afundar um poder soberano do Estado apenas por não gostar dele».
Tenho-me questionado relativamente à política de Justiça do PS. Nos governos do Eng.º Sócrates são evidentes os erros nesta área.
Foi a reforma penal e processual penal, que ainda hoje não tem paternidade mas que atacou a operacionalidade do MP, das Polícias em geral e da PJ em particular, e que pareceu ter destinatários certos.
Foi a reforma das custas judiciais que tornou o acesso à Justiça um privilégio de poucos. Foi a reforma da acção executiva que não atingiu quase nenhum dos objectivos a que se propôs, mas criou muitos outros problemas de difícil resolução, não se vislumbrando saídas. Foi a reforma do mapa judicial que está a demonstrar todos os problemas que de início lhe foram apontados e que só por teimosia não foram solucionados.
Foi a decapitação dos recursos humanos da generalidade dos operadores de Justiça. Estes são apenas alguns desses problemas. Esta situação levou a que os sindicatos do sector tenham deixado de lutar por melhores salários e tenham dedicado a sua atenção a combater estas reformas. Mas porquê todos estes erros? Soube-se agora através do Dr.º João Correia, quando explicou os motivos da sua demissão do governo.
Há sectores do PS que não gostam desta Justiça. Será porque a mesma não foi controlável? Não sei, mas sei que um partido ou um governo não pode afundar um poder soberano do Estado apenas por não gostar dele.
«Carlos Anjos/Correio da Manhã»
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