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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O que vai mudar no Estudo Acompanhado?


Por: Ramiro Marques

O Orçamento de Estado para 2011 prevê o fim do Estudo Acompanhado nos 2º e 3º ciclos do ensino básico. E prevê também o fim da Área de Projecto. São 90 minutos a menos na estrutura curricular obrigatória. A medida é tomada em nome da redução de custos na educação. Está previsto gastar menos 800 milhões de euros na educação e os cortes vêm não só das reduções salariais dos professores mas também do encurtamento do número de horas lectivas dos alunos, fim dos pares pedagógicos na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, redução do número de directores adjuntos e assessores da direcção e criação de mais mega-agrupamentos de escolas.
No seguimento da divulgação dos resultados do PISA/2009, o primeiro-ministro anunciou ao País, como se fosse uma novidade que uma das três medidas de combate ao insucesso escolar seria a afectação de uma hora semanal do Estudo Acompanhado ao ensino da Matemática. Uma outra medida que ninguém sabe ainda como se vai processar é a criação de uma tutoria digital.
Quem ouviu o primeiro-ministro no Parlamento e está atento à política de educação ficou perplexo. Afinal, o Estudo Acompanhado acaba ou não? E se não acaba, é para todos ou só para alguns? Tudo indica que o Estudo Acompanhado não vai acabar mas será apenas para os alunos com dificuldades a Matemática. Seja como for, a anúncio do primeiro-ministro peca por falta de clareza, roçando quase a mentira. No fundo, o primeiro-ministro acaba com a obrigatoriedade do Estudo Acompanhado e anuncia ao País que vai afectar uma hora do Estudo Acompanhado ao ensino da Matemática.
Confusos?
Afectar o Estudo Acompanhado, não uma hora mas 90 minutos por semana, ao ensino da Matemática, a todos os alunos e não apenas a alguns, é o que as escolas já fazem.
Se o Estudo Acompanhado passa de 90 minutos para uma hora e se é oferecido apenas aos alunos com dificuldades a Matemática, isso significa não a introdução de uma nova medida de combate ao insucesso escolar mas sim a extinção de uma medida que já existe.
José Sócrates: o mestre da propaganda.



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