Tenho o privilégio de participar activamente na política a cinco diferentes níveis em simultâneo: o local, o distrital, o nacional, o europeu e o internacional.
Todos fascinantes e complementares.
Ao nível local, tenho a honra de presidir à Assembleia Municipal de Évora. Um verdadeiro parlamento, recheado de excelentes políticos, em todas as bancadas. A última sessão do ano terminou há poucos dias, às 3 horas da madrugada, e nenhum dos participantes ou assistentes teve motivos para adormecer, tal a vivacidade dos debates e a sucessão de interrupções para afinamento de posições e de tácticas dos Grupos Municipais. E um bom resultado final: orçamento aprovado, mesmo sem maioria absoluta, e maioria superior aos 2/3 exigidos para retirar da agenda a decisão sobre a rescisão unilateral do contrato entre a CM e as “Águas do Centro Alentejo”, dando mais uma oportunidade às partes para renegociar um acordo mais equilibrado. Depois de, com os 30 km de conduta, ligando o sistema de Alqueva ao Monte Novo, ter ficado garantido o fornecimento de água a Évora, em quantidade, com seca ou sem ela, e de garantida a melhor qualidade de sempre, como a Entidade Reguladora acaba de confirmar, falta apenas melhorar alguma operacionalização técnica e tornar mais justa a contrapartida financeira a pagar pela autarquia. Estou certo de que o bom senso prevalecerá.
Ao nível distrital o ano também não acaba mal. A Juventude Socialista sentiu que em Évora se armam hostes para o combate pela Regionalização e realizou aqui a sua academia de inverno, reunindo 120 jovens de todo o país para discutirem o tema. Contaram com a participação prestigiosa de vários membros do governo, de deputados, de figuras gradas da politica regional da Madeira, dos Açores e da Extremadura Espanhola, para além de académicos e de lideres regionais do PS, do Norte, do Alentejo e do Algarve. No final, foi subscrita a “Declaração de Évora”, o sinal para agregar todos aqueles que estão dispostos a lutar para que, em 2011, o tema ocupe a agenda politica, não só do PS mas do país. Todas as grandes reformas se fazem em momentos de grandes dificuldades.
A nível nacional é bom participar na politica de um país que luta, que resiste com nervos de aço, com uma liderança firme, que não se conforma, e que, para contornar os especuladores, vai à China, ao Brasil, à Líbia e onde for preciso para negociar a divida. E que, pouco a pouco, vê as nuvens negras esfumarem-se lentamente para desespero da corja de comentaristas encartados que nem no Natal dá tréguas, mas que já deixou de falar da “remodelação”, de crise orçamental e de eleições antecipadas. Bastou Passos Coelho descair-se uma vez mais dizendo que não se importava de governar de qualquer maneira, “nem que fosse com o FMI”.
Na União Europeia, carente de carisma nas lideranças, com a sua tradicional locomotiva entregue nas mãos da indecisa senhora que veio do leste, acompanhei e participei com interesse na luta pela preservação da união económica e politica de uma Europa agora confrontada com novos desafios. Em 2010 não se pulou nem avançou como outrora, nos tempos de Willy Brandt, de Schmidt, de Khol, de Miterrand, de Chirac ou de Delors mas, apesar de tudo, sobreviveu-se aos sobressaltos da maior crise económica e financeira desde a que antecedeu a II Grande Guerra e manteve-se intacto o sonho de consolidar o espaço onde no mundo há mais liberdade, paz, prosperidade e justiça, alargado agora aqueles que durante 50 anos viveram sob o jugo das mais amargas ditaduras.
No plano internacional, na qualidade de Vice-Presidente da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana acompanhei o pulsar politico deste “Novo Mundo” e participei em inúmeras iniciativas em vários países da Europa e da América Latina, motivado pelo aprofundamento das relações politicas e económicas com um espaço geoestratégico onde emergem grandes potências e com o qual temos grandes afinidades politicas e culturais. Uma região do globo onde a esperança é tão grande quanto as injustiças. E onde a democracia, os direitos humanos e as preocupações sociais avançam felizmente tão depressa como progridem as economias.
Por todas as razões, 2010, será um ano para não esquecer.
Por: Capoulas SantosEurodeputado do PS e colaborador deste jornal
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