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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Partido Socialista alimenta-se do poder e que só sobrevive como lapa do Estado

Há alguns dias, de forma desprendida, José Sócrates elucidou os portugueses: "o que é que separa o PS e o PSD e a esquerda e a direita? É apenas isto: é que a agenda política da direita está apostada na privatização dos serviços públicos." Ou seja, para ele deixou de haver um profundo debate ideológico na sociedade. O que separa as águas é a gestão do espaço público.
É pouco como diferença. No fundo, Sócrates não surpreende. Desde que se elegeu primeiro-ministro que ele não é mais do que um gestor que fez o possível para que os portugueses desconfiassem cada vez mais do poder público. Como nenhum outro político depois do 25 de Abril partidarizou o Estado, tornando-o o braço armado do seu clube de amigos. O que Sócrates quis dizer foi que o que divide este PS dos restantes partidos é apenas uma coisa: com ele, o Estado ficou ao serviço de uma estratégia partidária de controlo da sociedade civil como nunca se viu. O que se passou no BCP, na PT, na TVI, no Taguspark ou no BPN é exemplar sobre o que Sócrates considera como a linha Maginot entre ele e os outros. Desde o início que o núcleo duro de Sócrates só esteve preocupado com a partidarização dos serviços públicos e dos sectores onde estes têm influência. Na idade moderna, os partidos políticos são ao mesmo tempo pateticamente frágeis e surpreendentemente robustos. O PS de Sócrates é a simbiose destas duas coisas. Mas, claro, não é um partido de direita nem de esquerda. É um partido que se alimenta do poder e que só sobrevive como lapa do Estado. Se isso é ser de esquerda ou de direita, ainda estamos para perceber.
«Fernando Sobral/Jornal de Negócios»

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