Por: Ramiro Marques
Se vivêssemos numa sociedade social, avessa a compadrios, golpadas e nepotismo, seria capaz de concordar que os directores tivessem uma palavra determinante no recrutamento dos professores. Seria uma forma de aplicação da máxima que eu defendo: as tomadas de decisões devem ser feitas pelas estruturas de maior proximidade.
Infelizmente, não é isso que acontece na sociedade portuguesa e os elevados níveis de corrupção nas estruturas do poder local bem como a existência de muitos directores com falta de competência técnica e pedagógica levam-me a considerar que seria uma tragédia substituir os concursos nacionais de contratação de professores por concursos locais.
Fazê-lo seria abrir as portas à falta de seriedade.
Não quero com isto dizer que os concursos nacionais de contratação de professores sejam um bom instrumento para recrutar docentes. Não são. Ter em conta apenas a graduação profissional, com base na classificação final da licenciatura/mestrado, tempo de serviço e o resultado da avaliação de desempenho é quase o mesmo que contratar às escuras.
Todos sabemos que existe uma enorme disparidade de critérios de exigência nas Universidades e Politécnicos. E é também sabido que uma classificação final de curso elevada não garante um bom desempenho. Tão pouco o tempo de serviço ou os resultados de uma avaliação de desempenho que é uma farsa.
Defendo, por isso, que se mantenha a contratação através de concursos nacionais. É um mal menor. Mais um paradoxo de um sistema estatal que, para evitar a corrupção no processo de recrutamento de professores, exige centralismo.
Uma forma de reduzir os danos no processo de contratação seria criar um ano probatório a sério com assistência a aulas, acompanhamento sistemático por um professor pós-graduado em supervisão e com uma prova pública no final do período probatório.
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