O sistema de ensino estatal tem cerca de 140 mil docentes. Desses, 115 mil têm nomeação definitiva.
Haverá, portanto, cerca de 25 mil docentes a contrato. Desses, a maioria são profissionalizados, isto é, possuem habilitação profissional para a docência. Por último, há alguns milhares que possuem apenas habilitação própria, isto é, ou não fizeram a profissionalização em exercício ou não são detentores de um curso que dê formação profissional para a docência.
Estimativas da Fenprof apontam para uma redução de 30 mil horários, em 2011/2012, por efeito do Orçamento aprovado ontem na generalidade.
E, no entanto, os contratados não reagem. Poucos estão sindicalizados e a ideia que dão é de alheamento quase total face à legislação, que não lêem, e às lutas dos professores, em que não participam,
É preciso dizer que os contratados e os profissionalizados do quadro sem licenciatura foram os únicos que beneficiaram com a aplicação da legislação sobre avaliação de desempenho.
Mas em Setembro de 2011, o Céu vai cair-lhes na cabeça. A maior parte irá engrossar as fileiras do desemprego. Mas isso não parece preocupá-los. Por que será?
Em primeiro lugar, porque a nova geração de professores olha para a vida a curtíssimo prazo. Habituaram-se a não fazer planos de médio prazo. O que irá acontecer em Setembro de 2011 vem longe demais para merecer preocupação.
Em segundo lugar, porque uma grande parte destes docentes são já um produto de um serviço público de educação muito frouxo e de má qualidade. Foram educados na ideia de que o único conhecimento válido é o de carácter instrumental e, por isso, não tiveram oportunidade de desenvolver o espírito crítico. É uma geração que é um produto refinado da educação socialista.
Em terceiro lugar, porque sabem que, se não forem reconduzidos ou colocados, terão direito a subsídio de desemprego. Atendendo ao que costumam gastar em deslocações de casa para a escola, ficar desempregado representa, em muitos casos, ter mais dinheiro ao final de cada mês.