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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Desapareceu a vergonha e os vigaristas passaram a ser pessoas honestas

Milhares de portugueses estarão de acordo ao ouvir dizer que, nos tempos que correm, ser ladrão em Portugal deixou de ser uma vergonha intolerável.
Tornou-se normal e não surpreende ninguém. Os políticos, a banca e os empresários aldrabam sem pestanejar. A justiça também não dá bons exemplos. Andam todos ocupados em jogadas obscuras, mas bem remuneradas. O que ainda há pouco eram apenas águas de regato, que mal ultrapassavam as barragens legais, na actualidade converteram-se em poderosas enchurradas que levam tudo à frente.
Uma multidão de ladrões, sanguessugas, parasitas e demais esponjas pasta absorverem o sangue e o suor de quem ainda produz algo de valor nesta mortificada nação.
Os contribuintes pagam centenas de milhões de euros ao Estado. Este devia ter como uma das funções principais a protecção das pessoas e dos bens, no entanto é fácil constatar que, por desinteresse ou por incompetência, efectuou-se um reviramento de grande envergadura nele e na sociedade portuguesa.
Desapareceu s vergonha. Tal como o desrespeito perlas autoridades e pela cidadania, também se abandonou o ostracismo a que eram votados os criminosos e os caloteiros, elementos dominantes na psicologia colectiva.
Parece um paradoxo mas dentro de semanas os nossos ouvidos vão estar sob martelação permanente com o centenário da República e os valores republicanos. Por isso, será oportuno que cada cidadão medite sobre o significado da efeméride.
Ensinaram-nos que, com a queda da monarquia, tinham sido abolidos os privilégios da nobreza.
Logo se chega à conclusão que o país necessita de outro 5 de Outubro. É um insulto ver os privilégios dos criminosos e da nova burguesia. Esta última transformou-se numa casta à parte e, diga-se de passagem, sem a distinção nem o polimento da velha aristocracia. Os únicos pontos em comum serão o sentido do privilégio e a diferença de tratamento.
Quer ser tratada por “excelentíssima”, sem exceler em quase nada. E nem vale as pena mencionar “doutorices” anacrónicas e pacóvias. No que respeita a roubalheiras, nada mudou. Haverá mesmo quem afirme que os presentes governantes “esfolam” mais quem trabalha e produz. Talvez seja verdade. Não sabemos ao certo.
V.P.R.

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