Tribunal de Almeirim condenou um homem a 10 anos de prisão por 11 crimes de roubo, extorsão e coacção, entre outros, cometidos sobre uma mulher que foi declarada doente do foro mental, residente em Fazendas de Almeirim.
O arguido, José Alexandre Vieira, que foi um dos três suspeitos absolvidos no processo dos tiros disparados contra o posto da GNR de Alpiarça, vai interpor recurso desta decisão para o Tribunal da Relação, dizendo-se “inocente”.
Neste processo, José Vieira, de 34 anos, estava também acusado de violação e rapto agravado, crimes dos quais foi absolvido. O colectivo de juízes deu como não provado que o arguido obrigou a queixosa a manter relações sexuais contra a sua vontade, como sustentava a acusação do Ministério Público (MP). Segundo o acórdão, a que o CM teve acesso, José Vieira chantageou a vítima dizendo-lhe que tinha filmado cenas íntimas entre ambos com o seu telemóvel, e que as tornaria públicas caso a mulher não acedesse aos seus intentos.
Na altura, em
Mesmo ganhando pouco mais que o salário mínimo, a queixosa começou por entregar-lhe 1.100 euros em dinheiro e os cartões multibanco das suas contas bancárias. Posteriormente, foi obrigada a entregar documentos pessoais (bilhete de identidade, número de contribuinte e declaração de IRS, entre outros) para contrair em seu nome dois créditos de 8.500 e 10 mil euros, utilizados para comprar duas motos de quatro rodas, num stand em Alpiarça, e das quais se desconhece o paradeiro.
De um rol inicial de 16 acusações, José Vieira acabou condenado por três crimes de coacção grave, quatro de extorsão agravada e simples, um de falsificação, dois de burla qualificada e um de roubo na forma tentada. Somadas, as condenações valiam-lhe uma pena de 21 anos e dois meses de cadeia, que foi reduzida para 10 anos em cúmulo jurídico.
Ouvido pelo CM, José Vieira diz-se “revoltado” e “indignado” com a pena que lhe foi aplicada pelo Tribunal de Almeirim, e sente-se “perseguido pela justiça” desde que foi absolvido no processo dos tiros contra o posto da GNR de Alpiarça. “Fui condenado com testemunhos de pessoas que disseram não me conhecer de lado nenhum e sem outras provas que me liguem a estes crimes”, afirma o arguido, que está em liberdade enquanto o processo estiver em recurso no Tribunal da Relação de Évora.
«Correio da Manhã»