Por: Anabela Melão
Convocar a recente história da França sobre a questão dos ciganos, depois de tanto se esgotar o tema, serve, sobretudo para perguntarmos se há – e em que medida a há, na afirmativa – uma crise existencial da União Europeia. Até que ponto os projectistas do sonho europeu – a começar pela França e pela Itália – ainda nutrem algum apego ao projeto europeu e aos seus valores, ou se o sonho, em toda a sua transversalidade, terminou. O tal grande sonho europeu está em depressão. De que tipo é que ainda não se sabe ao certo. A reação das autoridades francesas ao problema dos acampamentos ilegais saltou para tema internacional, ou pelo menos europeu, quando nos apercebemos das similitudes com os equívocos hitlerianos e pusemos em causa a sua eventual evolução histérica ao resto da Europa.
A questão fundamental é em que medida os Estados-membros reclamando interesses ou a sua soberania nacional podem arredar as regras que voluntariamente aceitaram e a que se submeteram naturalmente pensando apenas na vertente mercantilista do proveito de se estar na UE. Poder, podem, mas não será a mesma coisa….Com uns pretextos de uns e umas razões avulsas de outros, cada um aplicará a parte que lhe aprouver desprezando as que não lhe interessarem.
E lembremo-nos que a questão dos ciganos já chegou ao problema da emigração em geral e que há portugueses em todas as partes do mundo. Atarracar a cabeça debaixo da areia de nada servirá, porque, um dia, chegará cá, eventualmente.
Falar-se de um projeto de paz e de prosperidade cuja primeira pedra foi lançada logo no calor da II Guerra Mundial e depois alargado à Europa central e oriental no final da Guerra Fria, e diferenciar cidadãos de primeira e de segunda nada tem de coerente. Daí virá a implementação de medidas para o protecionismo económico e para o ressurgimento dos nacionalismos antagónicos.
Os dirigentes políticos comportam-se assim porque o mercado o exige. Apagado rasto da ameaça soviética, os europeus de leste abandonaram a ideia de um projeto comum, em termos de paz e solidariedade, e subverteram-no num outro, equacionado para lucros e perdas individuais. Mas o sonho europeu não pode desaparecer por causa de interesses privados, já que o que esteve na sua base, foi o interesse de todos. Não é só defender o território é também defender um projecto cultural, uma cidadania de identidade.
Nicolas Sarkozy e Silvio Berlusconi viraram vedetas de filmes em que não é difícil adivinhar um mau desfecho e que podem arrastar outros e pôr em causa a demanda do sonho comum (ao que parece, já não o seu!). Estão apenas míopes ou já cegaram de vez? Chega para aniquilar o projeto europeu os seus egos que apenas visam renovações de poder e abandonar-se uma visão da Europa como potência mundial? Estão estes egos sem freio dispostos a arrastar nações vizinhas, para uma situação de retaliação terrorista, da qual não temos hipótese de sair? Como é que um projecto, de ocidentalização, lançado há século e meio por idealistas pode, ficar, outra vez, entre parêntesis?.
Um artigo do Presseurope deu a ideia e eu subscrevi-a, com o coração nas mãos!
Convocar a recente história da França sobre a questão dos ciganos, depois de tanto se esgotar o tema, serve, sobretudo para perguntarmos se há – e em que medida a há, na afirmativa – uma crise existencial da União Europeia. Até que ponto os projectistas do sonho europeu – a começar pela França e pela Itália – ainda nutrem algum apego ao projeto europeu e aos seus valores, ou se o sonho, em toda a sua transversalidade, terminou. O tal grande sonho europeu está em depressão. De que tipo é que ainda não se sabe ao certo. A reação das autoridades francesas ao problema dos acampamentos ilegais saltou para tema internacional, ou pelo menos europeu, quando nos apercebemos das similitudes com os equívocos hitlerianos e pusemos em causa a sua eventual evolução histérica ao resto da Europa.
A questão fundamental é em que medida os Estados-membros reclamando interesses ou a sua soberania nacional podem arredar as regras que voluntariamente aceitaram e a que se submeteram naturalmente pensando apenas na vertente mercantilista do proveito de se estar na UE. Poder, podem, mas não será a mesma coisa….Com uns pretextos de uns e umas razões avulsas de outros, cada um aplicará a parte que lhe aprouver desprezando as que não lhe interessarem.
E lembremo-nos que a questão dos ciganos já chegou ao problema da emigração em geral e que há portugueses em todas as partes do mundo. Atarracar a cabeça debaixo da areia de nada servirá, porque, um dia, chegará cá, eventualmente.
Falar-se de um projeto de paz e de prosperidade cuja primeira pedra foi lançada logo no calor da II Guerra Mundial e depois alargado à Europa central e oriental no final da Guerra Fria, e diferenciar cidadãos de primeira e de segunda nada tem de coerente. Daí virá a implementação de medidas para o protecionismo económico e para o ressurgimento dos nacionalismos antagónicos.
Os dirigentes políticos comportam-se assim porque o mercado o exige. Apagado rasto da ameaça soviética, os europeus de leste abandonaram a ideia de um projeto comum, em termos de paz e solidariedade, e subverteram-no num outro, equacionado para lucros e perdas individuais. Mas o sonho europeu não pode desaparecer por causa de interesses privados, já que o que esteve na sua base, foi o interesse de todos. Não é só defender o território é também defender um projecto cultural, uma cidadania de identidade.
Nicolas Sarkozy e Silvio Berlusconi viraram vedetas de filmes em que não é difícil adivinhar um mau desfecho e que podem arrastar outros e pôr em causa a demanda do sonho comum (ao que parece, já não o seu!). Estão apenas míopes ou já cegaram de vez? Chega para aniquilar o projeto europeu os seus egos que apenas visam renovações de poder e abandonar-se uma visão da Europa como potência mundial? Estão estes egos sem freio dispostos a arrastar nações vizinhas, para uma situação de retaliação terrorista, da qual não temos hipótese de sair? Como é que um projecto, de ocidentalização, lançado há século e meio por idealistas pode, ficar, outra vez, entre parêntesis?.
Um artigo do Presseurope deu a ideia e eu subscrevi-a, com o coração nas mãos!