Alpiarça, minha querida terra. Há tantos anos que não te visitava? Percorri as tuas ruas e ruelas, as tuas Travessas e Becos. Como estás velha e abandonada. Que te fizeram Alpiarça, terra que outrora foste tão bela e bem conservada. Hoje estás desprezada e descaracterizada.
Tu que tiveste filhos que ta trataram tão bem e que deste à luz filhos tão ilustres que lhes fizeste para eles não quererem saber de ti?
Quando percorri a tua “rua direita” pelo crepúsculo do dia toda o meu ser ficou triste. Tanta casa velha e a cair aos poucos, Como teu filho que sou fiquei envergonhado de ver nesta rua central casas a cair de velhas. Bem junto do nosso jardim que em tempo foi a alegria da cachopada, quando se jogava ao “pisca” junto ao lago ou quando a canalha se empoleirava nos velhos muros do jardim para passar a Volta a Portugal em Bicicleta, está uma casa a cair de podre que até envergonha que não tem vergonha, aqueles teus filhos que prometem tudo para que tu não envelheças e afinal nada fazem por ti.
Mais adiante, outras vergonhas. Podiam ao menos arranjarem-te a tua imagem exterior para que pudesses parecer mais bela, como bela foste noutros tempos.
Ainda me lembro, minha querida Alpiarça” daqueles tempos que as “velhotas” andavam na escada a pintar as paredes das tuas casa com velhos baldes de alumínio, cheios de cal; ainda me lembro quando a senhora autarquia dava quilos de cal para que caiassem as frontarias do teu casario.
Hoje ninguém quer saber de ti.
Vejo alguns dos teus ilustres filhos nos píncaros da fama ou nos cargos mais importantes deste país que não visitava há tantos anos; vejo outros que trazem médicos dos confins do mundo para que os teus filhos tenham mais cuidados de saúde, mas vejo que todos eles te ignoram.
Tu, minha Alpiarça, que chegaste a ser conhecida pela terra do casario branco, onde algumas casas se destacavam pelas barras azuis ou amarelas, teus filhos te abandonaram e desprezaram.
Merecias melhor.
Que lhes fizeste Alpiarça para tão mal te tratarem?
João
3 comentários:
Bonito texto, parabéns, exprime o que sinto pela nossa velhinha 'terra'.
Mas...e lá vem sempre a condição, acho que a responsabilidade sobre o 'descalabro' é muita também de cada um de nós...
Ninguém hoje cuida do seu pequeno espaço, célula do espaço 'inteiro', se cada um cuidasse da sua 'frontaria' a imagem de Alpiarça seria diferente.
O Jardim...que lembranças das velhas noites de verão...a ansiedade, de saber as notas dos exames, era diminuida pelos prazeres de partilha com as 'meninas' quando jogavamos ao 'pisca' e ao 'lenço', quando não nos atreviamos a um 'beijinho' se as 'mães' estivessem mais distraidas e na correria passavamos por trás do 'coreto da musica', local escuro :).
Jardim esse onde muitas tramas revolucionárias eram discutidas, não de uma maneira de 'borga' e 'ociosa' como alguém por aqui escreveu.
Gostei muito de lêr o seu texto, o qual me levou a pensar se um Movimento de consciência não se poderia erguer um dia na nossa Alpiarça?
Até...
Simplesmente EU
"Gostei muito de ler o seu texto, o qual me levou a pensar se um Movimento de consciência não se poderia erguer um dia na nossa Alpiarça?", escreveu quem se assina por Simplesmente EU
Todos estamos fartos de partidos, de políticos, das mentiras, das promessas não cumpridas, das falcatruas, dos arranjinhos,dos "jobs for de boys" etc etc, então porque não arranjar Movimentos de Cidadãos Independentes e pormos estes 309 gajos que querem ser presidentes de câmara e mais não sei quantos milhares de vereadores a pastar caracóis ou a capar grilos?
Pois é parece tão fácil!
Escolhíamos aí um fulano ou fulana com carisma e pegávamos na lista dos fulanos(as) nascidos entre a data tal e tal, riscávamos uns quantos e começávamos no porta a porta a perguntar Ó Pá queres fazer parte do MICA (Movimento Independente de Cidadãos de Alpiarça). Mica? Mas Mica não é o nick de Amilcar e esse gajo não é estafeta e comunista? SAFA-TE!
Parece tudo tão fácil. Há quatro anos atrás quando uma cidadã de Alpiarça aceitou candidatar-se como independente por um partido político teve como primeira desilusão os números do seu «orçamento para as autárquicas de Alpiarça», compravam-se umas quantas canetas, uns lápis, uns brindezitos com desconto do amigo publicitário e para fazer uns Outdoors pouco maiores que uma folha A3 tinha de se pedir um reforço ao partido e para fazer um jornal de campanha era preciso aproveitar os restos das tintas e o papel de um semanário da região.
Pois é NÉNÉ!
É preciso saber quantos estão dispostos a ajudar na campanha e a angariar fundos sabendo-se que mesmo ganhando as eleições apenas o presidente e quanto muito dois vereadores terão direito a um bom ordenado, despesas de representação, carro, motorista, telemóvel, gabinetes de apoio, pessoal e outras mordomias.
Pense nisso ó Simplesmente EU
É verdade. Na rua direita vemos o património abandonadao, degradado ...mas por quem? Pelos seus donos, pelos proprietários que vivem numa casa nova ou deixaram Alpiarça para sempre. O que diz respeito à Câmara e à Junta está muitíssimo melhor conservado do que há uma dúzia de anos, não há qualquer dúvida. E com palavras nostálgicas e bonitas não vamos a lado nenhum. Porque é que o Alpiarcense tão saudoso não dá umas sugestões concretas? Por exemplo, porque é que não compra e recupera uma das bonitas casas da rua direita para as suas férias? Dir-me-à que não tem possibilidades. Pois, eu também não e bem gostaria
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