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domingo, 23 de agosto de 2009

Meia volta

Faz-me pena ver o nosso ciclismo reduzido a meia volta a Portugal. Não sou tão antigo que tenha vivido a épica aventura de Nicolau e Trindade. Mas Alves Barbosa, Ribeiro da Silva e Joaquim Agostinho atraíram milhões de miúdos como eu para o desporto, primeiro para a berma das estradas, depois para os velódromos de Alvalade, Alpiarça, Loulé, onde me lembro bem de ver estádios cheios para assistirem a emocionantes corridas de pista. Agora só há campos de futebol…A emoção dos relatos radiofónicos da nossa Volta, os arrebatadores Prémios de Montanha dos Alpes, no “Tour” e no “Giro”, a rudeza e o calor da “Vuelta”, o drama das quedas. Nem a NBA na SportTV…O “frisson” dos jornais de actualidades nos cinemas, as etapas a cores no “Paris-Match”, as festas, as meninas, os “maillots”, Louison Bobet, séculos mais tarde Eddie Mercx, as entradas em Paris de Barbosa e Agostinho, as quedas dramáticas, o imponderável do doping, a cocaína no selim dos primeiros colombianos, os “cachets”, o anonimato feroz do pelotão, as pernas que escaldam, a raiva de vencer, o protagonismo das fugas, a glória das camisolas amarela ou rosa e o podium!Também não é aqui que vou cair no fadinho de “no meu tempo é que era bom”! Mas meia volta a Portugal?! Tenham paciência!
Joaquim Letria (24 Horas)

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