A vinda de 44 médicos cubanos para Portugal reveste-se do "maior simbolismo" e aquele país pode mesmo vir a disponibilizar mais clínicos, caso o Governo esteja interessado, garantiu hoje o embaixador de Cuba em Portugal.
A vinda dos médicos para Portugal "tem um maior simbolismo porque é o primeiro país da Europa" com o qual Cuba, "como excepção e não como política", aceitou um acordo a este nível, realçou Jorge Benitez.
Cuba "aceitou o pedido de Portugal para contribuir para a solução" da falta de médicos, mas, na verdade, os médicos cubanos "estão principalmente nos países do mundo pobre", explicou o embaixador, adiantando que existem "cerca de 30 mil médicos cubanos" em África e na América Latina, as regiões do mundo onde Cuba "presta maior colaboração".
Jorge Benitez falava aos jornalistas depois de uma cerimónia na Câmara Municipal de Santiago do Cacém, no Litoral Alentejano, para receber informalmente os quatro médicos cubanos que vão reforçar o centro de saúde local.
O Ministério da Saúde anunciou sexta-feira a contratação de 44 clínicos cubanos para reforçar os quadros clínicos dos centros de saúde de algumas zonas do Alentejo, do Algarve e da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Destes, 24 estão a ser distribuídos pelo Alentejo, sendo que 16 deles vão reforçar o Litoral Alentejano, enquanto que outros 18 vão ficar no Algarve e dois no centro de saúde de Alpiarça (Lisboa e Vale do Tejo).
O representante de Cuba assegurou ainda que Havana não vai receber qualquer contrapartida por ceder estes profissionais, sublinhando que "há uma reciprocidade das câmaras municipais de Portugal" que, "há muitos anos atrás", quando Cuba "estava num momento mais difícil", ajudaram o país.
"Portugal não impôs condições. Disse que precisava de médicos e estudámos e confirmámos que realmente há uma situação complicada", explicou, lembrando que alguns municípios lusos também já "enviaram para Cuba doentes com problemas de oftalmologia".
O único pedido que o governo cubano fez, frisou, foi o de que os médicos viessem "atender portugueses que têm dificuldade" no acesso à saúde "por falta de médicos" e não para os "substituir".
O embaixador adiantou também que há a "possibilidade" de Cuba enviar mais médicos, dependendo "da necessidade e do interesse do Governo" português.
O director do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Litoral, Paulo Espiga, disse que este recurso é uma "almofada temporal" para Portugal e que estes profissionais de saúde vão contribuir para que os doentes sem médico de família desapareçam.
Aos cerca de 54 médicos a exercer nos centros de saúde do Litoral Alentejano somam-se agora mais 16 cubanos, que "vão dar resposta aos cerca de 35 mil utentes sem médico de família" nesta região, disse.
Quanto ao coordenador dos médicos cubanos que se encontram em Portugal, Rosell Diaz, assegurou que a adaptação está a correr bem, até porque "as culturas não são muito diferentes".
"E o idioma também não é problema, porque tivemos alguma preparação em Cuba. Eu compreendo o português sem nenhum problema", assegurou, recordando que foi em português que realizaram "quatro ou cinco exames para a Ordem dos Médicos".
O médico cubano, que vai ficar a trabalhar em Santiago do Cacém, apontou ainda semelhanças entre os sistemas de saúde dos dois países.
"Penso que o resultado do contrato será o melhor possível, não do ponto de vista do Governo, mas do ponto de vista de ajudar a melhorar a situação de saúde e a qualidade de vida da população", concluiu.
2 comentários:
Embora não concorde totalmente, com a politica seguida por Cuba, penso que esse "Paìs tão atrasado" na óptica de alguns, dá aqui uma grande bofetada sem mão ao Mundo.
DEMOCRÁTICAMENTE
Como alguém já aqui disse,O melhor seria virem também alguns governantes para tomar conta do Ministério da Saúde,da Ordem dos Médicos e outros sectores conotados com os lobbies para ver se acaba, de uma vez por todas,esta pouca vergonha.
Leitor do JA
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