M.C. esteve preso cerca de dois anos e meio em Peniche por ser Comunista.
Terminado o seu martírio regressou a Alpiarça. Como “homem do campo” que era, o seu regresso deu-se numa altura em que o trabalho não abundava. Casado e com dois filhos para criar precisava mais do que nunca encontrar trabalho para poder ajudar a esposa que trabalhou com uma escrava enquanto M.C. esteve preso.
Num sábado de manhã foi até à “praça” (Mercado Municipal) para que algum dos camaradas lhe indicasse ou aconselhasse onde poderia arranjar trabalho. Todos confirmaram: «não há trabalho porque “os sacanas” (as grandes casas agrícolas) não nos querem dar trabalho. Ainda há poucos dias pedimos aumento de jorna…e por isso andamos para aqui aos caídos».
Nisto passa no passeio oposto Zeca Pinhão.
Um camarada disse a M.C. «vai falar com o Zeca». Assim foi.
Atravessou e estrada e falou com Zeca Pinhão.
Contou-lhe o sucedido, coisa que o Zeca já sabia. Como era hábito de Zeca Pinhão, primeiro ouviu o M.C. Depois deste ter descrito as suas necessidades, Zeca disse-lhe o seguinte: «Segunda-feira apresenta-te na loja (o estabelecimento da firma Pinhão & Pinhão, Lda., em frente da Igreja e local de encontro do opositores) porque tenho trabalho para ti».
E assim M.C. se manteve a trabalhar para os “Pinhões” durante longo tempo.
Para quem não saiba, Zeca Pinhão teve sempre aberta a sua “porta de trabalho” para os comunistas que quando saíam da prisão e não encontravam trabalho no “campo” podiam contar sempre com a ajuda dos “Pinhões”, neste caso de Zeca Pinhão.
1 comentário:
Um bom post que contribui com mais umas achegas para a verdadeira história de Zeca Pinhão. Obrigado ao autor por ter trazido aqui este episódio da vida deste Ilustre Alpiarcense.
Esperamos que mais testemunhos inéditos deste Homem,nos cheguem através dos nossos colaboradores e leitores.
O nosso bem haja
Enviar um comentário