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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Haja vergonha!

A ida da Ministra do Ambiente ao Parlamento foi a ilustração exacta e em tempo oportuno do aviso da Troika de que "é preciso combater com maior determinação os interesses instalados".
O puxão de orelhas de quem nos empresta dinheiro de nada serviu, porque Assunção Cristas arranjou mais uma justificação para não parar as obras de uma barragem que vai custar aos portugueses cerca de 3 mil milhões euros e a classificação da UNESCO em troca de coisa nenhuma, que é 0,67% a mais de energia para o País. As centenas de milhões de indemnização que diz ter de se pagar são tão verdade como "o imenso paredão" que não existia, quando em Outubro lhe serviu de desculpa para a continuação da Barragem do Tua. Anda-se nisto há um ano, com este caso e todos os outros que envolvem PPP.
O relatório do Tribunal de Contas que estava feito ainda antes das Eleições Legislativas só saiu agora. São 120 PPP que representam uma das principais causas do endividamento. Era sobre elas e sobre os poderosos grupos de pressão que se esperava (desejava) uma mudança de atitude do Estado e do Governo. Havia a expectativa de que o discurso eleitoral tivesse seguimento na governação e que a sociedade portuguesa deixasse de ter zonas de favor, leis de favor ou omissões de favor. Mas, ao fim de um ano, temos mais do mesmo a recair sobre quem não anda pelas Irmandades, não pode oferecer benesses ou empregos a políticos sem cargo. Houve cortes nos salários como solução para a competitividade, menos regalias sociais como remédio para as despesas e aumentos de impostos.
Houve uma reforma laboral que deixa completamente desprotegido o trabalhador, porque não foi acompanhada da necessária rapidez dos processos laborais na justiça e uma Lei do Arrendamento que continua a ter no senhorio um substituto da Segurança Social. Fora isto, vão saindo umas leis avulsas que Passos Coelho apregoou como "a maior mudança estrutural dos últimos 50 anos". Como não parece ter sido um momento de alucinação, só pode ter mesmo a ver com este povo elogiado como era nos anos 60 por ser "extremamente paciente". E, acrescento eu, domesticado, crédulo, que deixa tudo. Como diz D. Januário Torgal Ferreira: "Tenho vergonha deste País." 
Artigo de opinião de Manuel Moura Guedes no CM

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