.

.

.

.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Alpiarça continua a surpreender-me. Ou talvez não


Por: Ricardo Hipólito
Há poucas semanas fiquei surpreendido com comentários ouvidos e lidos sobre o documentário a propósito de Alpiarça de 1928 que a Câmara Municipal de Alpiarça, em boa hora, resolveu projectar na Biblioteca Municipal.
Ouvi pessoas lamentarem o facto da dita projecção não ter sido enquadrada nos tempos que então se viviam. O fascismo a ganhar pujança. E o documentário tão doce. E blá, blá, blá, fascismo abaixo, fascismo acima.
Agora resolve-se fazer uma exposição à volta das fotografias que se tiravam na escola. Fotografias – algumas – que retratam a pobreza extrema em que algumas famílias viviam.
Fotografias que trazem boas e más lembranças. Fotografias que nos farão recordar amigos que já partiram.
Fotografias que nos farão reviver belas lembranças. Fotografias que, a uns, farão lembrar belos mestres. E a outros, autênticos tiranos.
Uma ou outra foto revelará curiosidades. Como a que tem uma pequena criança cuja mãe esteve a leccionar em Alpiarça. Essa menina, muitos anos mais tarde, subiria a palcos e ao “palco” supremo da Democracia, a Assembleia da República. Uma senhora que, ao despedir-se da vida de deputada, foi longamente ovacionada por todos os parlamentares.
Essa Senhora passou por Alpiarça e está numa das fotografias em exposição.
E então, não é que a exposição fora do contexto ... do Estado Novo e dos métodos de ensino de então, do papel da Mocidade Portuguesa e blá, blá, blá, não cumpre o papel ... e o fascismo, e as prisões, e sei lá o que mais?
Que dirão mentes destas de Alves Redol e do seu “Cancioneiro do Ribatejo”? Então, quando Portugal estava a ferro e fogo, prisões, mortes, obscurantismo, analfabetismo, ... então não é que o homem vem para Alpiarça, para a casa dos pais de António e Zé Calarrão, recolher quadras populares?
Mas o homem estava doido? Precisamente a fazer aquele trabalho numa casa que recolhia lutadores contra o regime de Salazar? Eh pá, tá bem, escreveu tanta coisa, como “Porto Manso” ou “Gaibéus”, mas falar de amores, do Carvalhal, da Ribeira de Vidais? Não pode ser!
E esse sacana de um corso que por cá apareceu, chamado Michel Giacometti? Então, quando havia tanta miséria em Trás-os-Montes, o tipo andava a recolher cantigas, atrás de autênticos servos da gleba? E em terras alentejanas, salpicadas com sangue da Catarina, o tipo fez uma recolha de cantares ... Cantares? Mas o gajo não enquadrou a coisa com o fascismo.
E não é que um gajo vai ver o museu a ele dedicado, no Monte Estoril e vê lá belíssimas fotografias por ele captadas, instrumentos musicais tocados pelo Povo (pois, ele também fez essa recolha) e não há uma porra de ligação ao fascismo?
E para não ser muito maçudo, o Orlando Ribeiro, esse gajo que calcorreou o país e não enquadrou os seus estudos geográficos com a miséria que via. Não deveria ser ostracizado, um indivíduo que devia perceber o que o Povo sofria?
E agora consideram-no um dos maiores (se não o maior) geógrafos portugueses. E têm a distinta lata de fazer exposições sobre o tipo, na Biblioteca Nacional. Porra, é demais!
E a Escola Superior de Educação de Santarém, que colabora na exposição, tem um pequeno núcleo museológico ... eh pá, aquilo reproduz uma sala de aulas do tempo de Salazar e, sacrilégio, não enquadra a coisa.
Eh pá, não vão até ós Águias ver a exposição. Não vão recordar tempos que, por muito que a gente se morda, não voltarão. Eh pá, a coisa não está enquadrada.
Ah, é verdade, vai lá estar também uma Mostra de Arqueologia. Queres ver que o Nuno Prates vai para lá por peças da época dos romanos, desses sacanas que ocuparam a nossa terra.
Ou será que Alpiarça não me surpreende?

                                                                                                                              

5 comentários:

Anónimo disse...

Antes do 25 de Abril as pessoas eram muito pobres, muitas delas até passavam fome.

As crianças andavam descalças, trabalhavam muito e mesmo assim o dinheiro era pouco para comer, tinham de roubar, por isso chegavam a ser presos .

Na cadeia levavam porrada e assim era a vida antes do 25 de Abril.

Anónimo disse...

Como era a vida antes do 25 de Abril?

A vida antes do 25 de Abril não tem nada a ver com o passado das ruas, casas, mas sim com o modo de vida das pessoas. Sim, pois não havia liberdade. As actividades políticas, sociais, sindicais eram controladas por uma polícia política que se chamava PIDE.

Os cidadãos não tinham direitos plenos pois havia uma terrível guerra colonial para onde Marcelo Caetano mandava as tropas portuguesas.

Outra coisa muito má que existia no antigo regime era a censura pois eram eles quem escolhiam o que as pessoas liam, ouviam nos rádios, viam nos jornais e na televisão. As escolas eram separadas, ou seja rapazes para um lado e raparigas para outro. Muitos livros e discos eram proibidos, e nos rádios havia músicas proibidas que não se podiam ouvir.

Viva ao 25 de Abril

Anónimo disse...

Como era a vida antes do 25 de Abril?

Antes do 25 de Abril vivíamos na ditadura e o ditador chamava-se António de Oliveira Salazar.

Na altura era tudo muito rígido, não se podia falar de certas coisas como por exemplo falar mal da ditadura. E mais… para se usar um isqueiro era necessário ter uma licença.

Havia mais coisas más: fome, pobreza, poucas pessoas tinham salário e havia uma polícia que prendia e até maltratava por coisas insignificantes, essa polícia chamava-se PIDE.

Poucas crianças estudavam e começavam a trabalhar logo muito cedo.

Enfim era tudo muito mau.

Anónimo disse...

De facto antes do 25 de Abril/74, tinhamos uma censura que era feita pelos meios que o Governo de então tina, mais propriamente a PIDE (EX-DGS. Havia fome, miséria, e para não dizer, outras coisas bem difíceis. Mas, com a vinda do 25 de Abril/74, assistiu-se a uma enorme alegria só porque já podiamos falar mas o resto como seria? Fez-se um 1º de Maio em Liberdade que no País inteiro foi orgulhosamente saudado. Mas, como não há bela sem senão, logo de imediato apareceram os comunistas, (para dizer bem) muitos oportunistas que, pertenceram ao regime deposto e, não tiveram vergonha em sanear os verdadeiros homens que durante anos contribuiram com a sua determinação, suor e lágrimas para que fosse possível a Grande Libertação. É esta a razão pelo qual o PC ainda luta. Por um poder em que haja só um Partido (o PCP). Por isso adoptou a sigla CDU, porque têm vergonha de expôr a FOICE e o MARTELO, os símbolos verdadeiros, do dito PCP. Não por acaso que eles lutam pela "igualdade" de classes mas, na teoria porque na prática são o contrário. Senão vejamos: Acabemos com os FACHISTAS (os ricos), não dizem acabemos com os POBRES. Porquê? porque eles são defensores de outro tipo de ricos (que não passam de (FACHISTAS) encapotados. Desde que sejam controlados pelo Partido e os que contrariem estas mentalidades serão pura e simplismente amordaçados. Por isso sempre é um pouco melhor vivermos em DEMOCRACIA. VIVA o 25 de ABRIL/74.

Anónimo disse...

Mudar sistema é objetivo de marcha de desobediência
A alteração do sistema político vigente em Portugal é o objetivo da marcha de desobediência civil, que saiu de Coimbra no dia 20 e que na noite de terça-feira se vai concentrar frente à Assembleia da República, em Lisboa.
"O roubo que está a haver é concertado pelas elites, o FMI e a troika não passam de assassinos políticos e seus lacaios são atualmente os governantes; os anteriores fizeram o acordo e estes também", disse à Lusa António Borges, mentor da marcha de desobediência civil.
Por isso, os organizadores desta marcha apelam aos militares para que saiam para a rua, se juntem a eles e se "oponham a esta invasão pelo poder económico estrangeiro a quem todos os bens nacionais estão a ser vendidos ao desbarato".
"Obedecer ao sistema atual acho que é péssimo, temos que desobedecer perante leis injustas que sofremos na pele todos os dias", acrescentou António Borges.
Segundo o mentor da iniciativa, o povo português delega sempre nos políticos o problema e a solução deste. Mas "o povo também tem de ser responsabilizado pelo que se está a passar" já que "os políticos são o espelho do povo", referiu.
"É muito grave o que está a acontecer, as pessoas têm de ter consciência que se não sairem para a rua, reivindicar os seus direitos e exigir a demissão de toda esta classe política que existe, partidos políticos que não fizeram nada até hoje... é gravíssimo o que está acontecer, muito grave", sublinhou.
Fonte:«Lusa»