O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, classificou
hoje a UGT e o PS de "bombocas" por terem assinado o acordo de
concertação social e entregarem "de mão beijada direitos fundamentais".
"Há quem ande por aí a fazer o papel de arrependido do aval que deu
no conselho de concertação social a um traiçoeiro e falso acordo,
porque afinal as medidas para o crescimento económico, para o combate
ao desemprego não se veem e ainda por cima, dizem eles, o governo vai
além do combinado no agravamento nas medidas", afirmou Jerónimo de
Sousa no seu discurso de encerramento da 10. Assembleia da Organização
Regional do Porto que decorreu hoje na Maia.
Logo acrescentou: "Não sabiam de antemão que era assim? Se não fosse
uma coisa tão séria poderia dizer-se: são mesmo uns bombocas, estes
sindicalistas e este PS".
O secretário-geral lamentou que sindicalistas e PS tenham entregue
"de mão beijada direitos fundamentais conquistados por gerações de
trabalhadores a troco de nada, a troco de palavreado oco".
"E querem que levemos a sério as suas lágrimas de crocodilo, mas
isto vai dar sempre ao mesmo. Resmungam, resmungam mas alinham sempre
com o essencial da política de direita", assinalou.
Sobre a execução orçamental, o líder comunista salientou que
Portugal está "afundado numa recessão económica sem precedentes",
destacando "a verificação na execução orçamental que o défice deste
trimestre é o dobro do mesmo período do ano passado, com menos receita e
mais despesa, portanto recessão sobre recessão".
"Em relação à evolução da situação económica, a queda do PIB
previsto para o presente ano é já o dobro da anunciada aquando da
assinatura do pacto e as projeções conhecidas dizem que a situação não
fica por aqui", sublinhou.
Para Jerónimo de Sousa "a ilusória retoma de que fala o Governo é
desmentida mês após mês pela real evolução do país e por uma evolução
da economia que continua em queda livre".
"Este governo, tal como um aprendiz de feiticeiro, age deslumbrado
pela possibilidade de superar o resultado previsto nas receitas dos
mestres da manigância e da traficância do capitalismo dominante,
carregando na dose da poção para mostrar serviço aos senhores do
capital a quem serve, alheio às consequências para o país e para vida
dos portugueses", criticou.
Ao longo de pouco mais de 30 minutos, durante os quais foi várias
vezes interrompido por ovações e palavras de ordem da plateia, Jerónimo
de Sousa voltou a defender a renegociação da dívida, a lamentar o
aumento do desemprego em Portugal, a criticar as transferências para a
banca e o "desmantelamento do sistema de proteção social" e a lembrar a
necessidade de recrutar novos militantes para o PCP até atingir "a
meta de 200 novos até março de 2013".
Lusa
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