A antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite disse na quarta-feira à
noite que o Governo reagiu com dramatismo e teatralização ao chumbo de
quatro normas do Orçamento ao recordar que o valor 'cortado' é apenas 1 %
da despesa.
"Este valor que está em causa representa pouco mais de 1 % de toda a
despesa pública. Se lhe disserem em sua casa que precisa de reduzir a
despesa em 1 %, pensa que vai desabar o mundo lá em sua casa? Qualquer
um de nós é capaz de reduzir a despesa em 1%", frisou em entrevista à
TVI24.
Por isso, continuou, o Executivo de Passos Coelho devia aproveitar a decisão do Tribunal Constitucional para mudar de rumo.
"Talvez ingenuamente, mas genuinamente, fiquei convicta de que tinha
saído a sorte grande ao Governo, com o chumbo, porque retirava um pouco a
pressão de mais 1.300 milhões de euros nos cortes das despesas públicas
e nas receitas que eram cobradas. Achei que isso era uma ajuda, que
seria um bom pretexto" para mudar de rumo, salientou.
Manuela Ferreira Leite considerou também ser impossível fazer cortes
de 4 mil milhões de euros na despesa pública e manifestou-se
despreocupada com a situação por irrealizável.
"Não estou preocupada, porque acho que não são exequíveis e não vão
ser executados. Não vejo possibilidade, a menos que nós tivéssemos todos
decidido fazer um haraquiri colectivo. Como acho que ninguém decidiu
fazer um haraquiri colectivo, acho não acho possível fazer uma coisa
dessas", afirmou.
A antiga ministra das Finanças disse ainda que se Portugal tiver de
recorrer a um segundo resgate, tal significa que já existia essa
necessidade.
"Se houver necessidade de um segundo resgate é porque já havia essa
necessidade, não é por causa disto agora" - chumbo do Tribunal
Constitucional - acrescentou ao destacar também que o pior que se pode
fazer agora às pessoas é "assustá-las".
Como estratégia de futuro, Ferreira Leite defendeu uma concertação entre o leque dos principais partidos.
"Os actores neste momento têm de se concertar, têm de se unir para
fazer frente ao problema que é de interesse nacional. E o problema que é
de interesse nacional é dizer: se continuamos neste caminho, estamos
permanentemente a afundarmo-nos e não vale a pena fazer este discurso de
fora (...) é uma frente unida de todos", disse.
Por outro lado, Manuela ferreira Leite sustentou ser necessário "cada
um dar um bocado de si" e que todos devem "torcer um bocadinho o braço"
e deixarem-se de "teimosias".
«NM»
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