É preciso baixar salários! A máxima vai-se repetindo até à
exaustão, seja sob a forma de apelo, seja em jeito de ameaça. É a
perversa lógica de maximização do lucro patente no processo de
agravamento da exploração que está a ser imposta a milhões de
trabalhadores no nosso País.
E de facto os nossos salários, que
já eram dos mais baixos da União Europeia, estão a baixar todos os dias:
baixam quando aumentam os preços dos bens e serviços essenciais –
transportes, taxas moderadoras, alimentos, electricidade, gás,
combustíveis ou portagens; baixam quando parte do subsídio de Natal de
2011 foi roubado à esmagadora maioria dos trabalhadores, ou quando os
subsídios de férias e de Natal vão à vida este ano para muitos dos
pensionista e trabalhadores da administração pública; baixam quando são
congelados os valores do salário mínimo nacional ou os vencimentos na
administração pública ao mesmo tempo que a inflação vai disparando (mais
de 3,3% em 2011); baixam quando aumentam os impostos sobre o consumo
(IVA) ou sobre os rendimentos do trabalho (IRS).
O aumento do
custo de vida, dos impostos e o roubo directo aos rendimentos do
trabalho está de facto a produzir uma degradação acelerada do valor real
dos salários, a empurrar milhares de pessoas para a pobreza, a
estrangular a economia e a criar mais desemprego.
Esta semana foi
António Borges que deu o mote. Essa sinistra criatura, onde o currículo
se confunde com cadastro, desde o alto quadro da toda poderosa Goldman
Sachs ou director do FMI que foi, ao membro dos conselhos de
administração da Jerónimo Martins ou da Fundação Champalimaud que agora
é, António Borges é um dos indivíduos colocados pelo grande capital na
sombra deste Governo para, entre outros obscuros assuntos, conduzir o
criminoso processo de privatizações que PS, PSD e CDS acertaram com a
troika.
«Não é política, é uma urgência» diz António Borges sobre
a redução de salários. Aliás a mesma «urgência» que está na base da
decisão de colocar nas próximas semanas mais de cinco mil milhões de
euros de recursos públicos no BCP e no BPI sob o eufemismo da
«recapitalização» da banca, mantendo intocáveis os lucros acumulados
pelos seus accionistas ao longo de anos.
Urgente, urgente é pôr a andar esta gente!
Fonte:«Jornal Avante»Enviado por um colaborador

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