O ex-Presidente da República Mário Soares defendeu hoje que a actual
crise na Europa seria resolvida se o Banco Central Europeu (BCE)
fabricasse moeda, "como fazem os americanos e os ingleses".
“Se fosse possível, isso resolveria o problema. Na situação em que
estamos, em toda a Europa, era interessante que eles [BCE] comecem a
fabricar a moeda, como fazem os americanos e os ingleses”, afirmou. “A
partir daí os problemas estão resolvidos”, acrescentou.
Para o antigo Chefe do Estado, impunha-se uma mudança nos tratados europeus que permitisse ao BCE a emissão de moeda.
Falando em Amarante numa conferência sobre questões europeias, Mário Soares
considerou que a Europa “está à beira do abismo”, acusando os líderes
das grandes instituições europeias de “não terem coragem para se
pronunciarem”.
“No final desta semana vamos ter problemas
terríveis em matéria da Europa”, afirmou, admitindo estar preocupado com
o resultado das eleições de domingo na Grécia e as reacções aos
resultados dos governantes europeus. “Se a Grécia não ficar no euro isto
vai ser uma desgraça”, disse, sublinhando que as consequências irão
afectar a França e a Alemanha. “Seria tão estúpido que a Europa caísse
no abismo”, insistiu, mostrando-se esperançado: “à última hora, o bom
senso vai prevalecer”.
Mário Soares considerou que a chanceler alemã é um das grandes responsáveis da situação actual na zona euro e acusou Angela Merkel de “não ter visão nenhuma do mundo”. A chefe do Governo alemão está hoje “mais isolada” na Europa, afirmou.
Para Mário Soares, a recente vitória do socialista [François] Hollande,
em França, acentua o isolamento crescente de Angela Merkel, até no seu
país.
O ex-Presidente da República reafirmou a necessidade de os
Estados criarem mecanismos para que os mercados voltem a ser
controlados pela política e não o contrário, como acontece actualmente.
Ainda a propósito das dificuldades actuais da moeda única, disse que
estão a ocorrer porque, ao contrário do que sempre defendeu, a Europa
não evoluiu para uma união política.
Mário Soares foi o orador
convidado para mais uma conferência promovida pela autarquia de
Amarante, na qual também participou o deputado socialista Francisco Assis.
Do seu longo percurso político, Mário Soares admitiu que o seu maior motivo de orgulho foi a luta que travou durante 32 anos contra a ditadura.
Do seu longo percurso político, Mário Soares admitiu que o seu maior motivo de orgulho foi a luta que travou durante 32 anos contra a ditadura.
Recordando a entrada da Portugal na CEE e mais tarde
no euro, reafirmou que essas foram opções positivas e indispensáveis
para o país, na sequência da descolonização.
«JN»
Sem comentários:
Enviar um comentário