Vitória Brito, “demitiu-se” ou apenas foi mais uma “vítima do sistema"?

Opinião

Vitória Brito, secretária pessoal do Presidente da Câmara, demitiu-se do cargo. Assim consta e assim aconteceu.

Uma "secretária" igual a outras tantas; uma funcionária como outras que existem nos serviços administrativos da autarquia mas que passam despercebidas.

Vitória Brito não foi “mais uma secretária” que passou pela Câmara. Vitória Brito foi uma secretária especial. Despenhou um cargo de confiança e pela “confiança politica” que merecia é que foi nomeada “secretária do presidente”.

Não é qualquer pessoa que é nomeada “secretária pessoal” de um presidente de Câmara porque este lugar só pode ser ocupado e exercido por alguém de “confiança” do eleito e terá de contar com a própria confiança do partido que elegeu o presidente.

A estas “secretárias” é dado o privilégio” de saber sobre  certos assuntos que não estão alcance de outro qualquer funcionário.

Por estas razões é que é uma “secretária de confiança”!

Entre esta e o presidente, como ainda entre todos os assessores pessoais do presidente, tem de haver um elo que não pode ser quebrado e muito menos ameaçado.

É esta secretária que tem acesso a informações “confidenciais” e que serve de transmissor entre os eleitos e o partido que os elegeu porque é a “tal pessoa” que em principio não quebrará as “orientações politicas”.

Vitória Brito é uma acérrima militante do Partido Comunista Português. Não é defeito nenhum, antes pelo contrário. Os verdadeiros militantes “vivem” para os partidos cuja ideologia nunca pode ser posta em causa por mais ortodoxa que possa ser.

Todos ainda nos lembrámos da sua “garra” com que se entregou na última campanha para as eleições autárquicas.

Ainda temos na memória, quando dos últimos dias da campanha a sua “voz rouca” não a impedia de gritar bem alto: “Vote na CDU”.

Talvez por esta dedicação e entrega ao partido é que Mário Pereira a “convidou” para sua secretária.

Mas a gratidão e os “meandros do poder” é ardiloso e de pouca dura.

Às vezes até um “pouquinho de inveja” dos “companheiros de luta” ou dos “Camaradas do Partido” é suficiente para que «passem a perna» a quem julga que tal coisa não é possível porque a “militância” e a defesa de certos princípios impede que possa acontecer.

E, porque não: alguém lhe passar a perna porque se sentiu desautorizado ou ultrapassado quando na verdade até tem mais influência dentro do próprio partido?

De “secretária” de confiança a pertencer ao “poder decisivo” do partido existe uma diferença abismal e…às vezes é aqui que começa, por razões de inveja a “detonação” do imprevisto que por norma quebra sempre para quem é o mais fraco.

Poderá não ser o caso, mas às vezes acontece.

Dificilmente saberemos a razão porque Vitória Brito se demitiu.

Talvez seja errado podermos dizer que Vitória Brito foi demitida.

Mas alguém saberá concerteza qual a diferença entre “demitir-se” ou ser “demitida”.

Pouco nos interessa qual delas foi.

Mas a verdade é que não é normal uma “secretária de confiança” se demitir a meio do cargo.

Se não é normal então algo de grave deve ter acontecido nos “meandros do poder autárquico”.

Enquanto não sabemos a verdade, como se algum dia se viesse a saber, vamos especulando.

Curiosamente num dos mandatos socialistas, aconteceu algo do género. A diferença é que a pessoa em causa não se demitiu mas foi aconselhado a demitir-se.

Como disse um leitor: «Já há algum tempo que o Navio está a meter água».

Nós adiantamos: Algumas pessoas (neste caso, intervenientes na conjectura) já começam a abandoná-lo.

Por: António Centeio