O líder do PSD esteve ontem no Clube dos Pensadores, em Gaia, tendo, após as questões do público, voltado a falar da situação fiscal do País.
"A resposta dos impostos torna-se inevitável quando mais nada resulta - não foi por acaso que um dia tive que condescender em dar ao Governo essa possibilidade - mas ela não pode transformar-se, como resposta emergente, na resposta normal e contínua", criticou.
Para Passos Coelho quando esta se transforma numa resposta normal e contínua "significa que os governos não fazem aquilo que é necessário e portanto estão sempre na última instância de ter que fazer o que não deviam".
"Eu preferiria mil vezes - é que nem tenho nenhuma hesitação - em mexer na estrutura do IVA a ter que cortar pensões e reformas. O Governo tomou uma opção inversa", afirmou.
O líder do PSD explicou que "estando a falar de pensões tão baixas, de pessoas que já vivem de rendimentos tão baixos" preferiria "se tudo mais falhasse e a ter que fazer qualquer coisa", poupar as pensões e as reformas e mexer na estrutura do IVA, realçando que não alteraria o IVA nos bens essenciais.
"Vai ser necessário ou não? Eu espero que não. Mas para não me fazerem a critica - que têm feito aos outros, de dizer que não e chegar lá e ver que isto afinal está muito pior, portanto vamos ter fazer - prefiro dizer hoje, com todo o inconveniente que isto possa representar, prefiro ser hoje honesto e dizer não sei, não sei", realçou.
Passos Coelho garantiu ainda que fará "tudo para o evitar".
O líder do PSD assumiu ainda o compromisso de, caso seja primeiro-ministro, publicar, na internet, todas as nomeações, uma das medidas de transparência que quer implementar num Governo que será de "dimensão historicamente pequena".
Passos Coelho salientou que, caso vença as eleições a 5 de Junho, um dos seus primeiros compromissos "é apresentar um Governo com uma dimensão historicamente pequena".
"O Governo com menos membros em ministros e secretários de Estado de que há memória em Portugal", sublinhou.
Para o presidente social-democrata é ainda preciso "deixar claro que os membros do Governo não podem recrutar ilimitadamente uma espécie de administração paralela nos seus gabinetes".
"Um membro do Governo tem direito a escolher um chefe de gabinete, uma ou duas secretárias de confiança, um ou dois adjuntos. Acabou. O resto que tiver que recrutar tem que recrutar na administração", avançou.
Para Passos Coelho, "as pessoas que estão no Governo têm que se habituar a dar o exemplo, a andar no seu carro e de transportes públicos".
"Porque todas estas coisas virão no Diário da Republica mas esse não é o jornal que os portugueses mais consultam, nós assumimos o compromisso de publicarmos, todos os meses, com toda a transparência, na internet, todas as nomeações que forem feitas, explicando quem é aquela gente, de onde vêm, que habilitações têm, o que vão fazer e o que vão ganhar. Transparência", explicou.
O líder social-democrata tinha sido questionado pelo fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, qual seria uma diferença entre ele e o primeiro-ministro demissionário José Sócrates.
"Uma diferença para José Sócrates? Esta", respondeu, depois de avançar com as políticas de transparência.
Crescimento económico de pelo menos 3 a 3,5% é decisivo
O líder do PSD disse ser decisivo um crescimento económico de pelo menos "3 a 3,5% nos próximos dois, três anos", alertando que sem isso "não há pacotes de austeridade que valham".
Passos Coelho considerou ser "preciso apostar no crescimento da economia".
"E para pôr a economia a crescer temos que olhar para as PME (pequenas e médias empresas), para as condições de canalizar recursos financeiros para essa actividade, e fazer a aposta no empreendedorismo, valorizar o mérito, pôr de lado a batota e dar incentivo quer à entrada de capitais externos mas depois queremos que aqueles que estão cá possam ser bem sucedidos", explicou.
«DE»
Sem comentários:
Enviar um comentário