O PCP acusou a liderança do PSD de seguir o lema "agarrem-me senão eu mato-o" ao manifestar, ontem, em Rio Maior, que se não fosse a proximidade das presidenciais apresentaria uma moção de censura ao Governo.
No encerramento das jornadas parlamentares do PCP, em Santarém, esta manhã, o deputado comunista Bernardino Soares referiu que os sociais-democratas já tiveram essa oportunidade nesta legislatura e não a votaram favoravelmente.
"O PSD, que aprovou o actual Orçamento, o PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento) e várias outras medidas adicionais, vem agora dizer que se não houvesse eleições presidenciais apresentaria uma moção de censura. É preciso lembrar ao PSD que já houve uma moção de censura nesta legislatura (foi o PCP que a apresentou) e que o PSD não votou", disse o líder parlamentar do PSC, frisando que o "PSD chumba a censura quando ela existe e ameaça com ela quando a Assembleia da República já não pode ser dissolvida".
Bernardino Soares foi ainda mais lacónico: "É o estilo conhecido popularmente como "agarrem-me senão eu mato-o" aplicado à política nacional".
Aos sociais-democratas foram ainda apontadas constantes associações às políticas de José Sócrates. O deputado comunista tratou mesmo de responder às próprias questões: "Bem pode agora o PSD encenar profundas divergências com a política do PS. É caso para perguntar, de que discorda o PSD? O PSD está ou não de acordo com os privilégios fiscais da banca? Está. Com os cortes salariais? Está. Com a destruição da Administração Pública e dos serviços públicos? Está. "E com as sucessivas tesouradas no investimento público? Está".
Vinte medidas para o Orçamento
O PCP encerrou as suas jornadas com a apresentação de 20 propostas fiscais, sob o lema de um "Orçamento que aumente os impostos onde isso é justo e indispensável e que corte na despesa onde isso é útil e justificável".
Do pacote de medidas, os comunistas propõem a redução para metade do número do pessoal dos gabinetes dos membros do Governo e de todos os altos cargos do Estado ou impor aos conselhos de administração de empresas públicas um máximo de cinco membros e até três no caso dos conselhos directivos de institutos públicos, não podendo as suas remunerações serem superiores à do Presidente da República.
Com base no Orçamento de 2010, a revogação dos benefícios fiscais concedidos aos planos de poupança reforma (PPR) - que representaria um corte na despesa fiscal de 100 milhões de euros -, a poupança de 200 milhões de euros no sector da aquisição de bens e serviços, cortando em estudos e pareceres, ou o fim dos benefícios fiscais para os seguros de saúde, estão entre outras propostas comunistas.
O PCP quer também o fim da participação das Forças Armadas portuguesas em todas as operações no estrangeiro, o que permitiria um encaixe na ordem dos 75 milhões de euros, e a adopção generalizada pelo Estado de Software informático livre, acabando com "milionárias contratações de software".
«JN»
Foto: Bernardino Soares
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