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domingo, 17 de outubro de 2010

Por estas e outras, é que aumentam os impostos

Os papagaios do costume andam a falar de austeridade e de sacrifício, impondo cortes nos salários e subidas nas contribuições. Mas é quase o Zé-povinho que apertam o cinto, pois continuamos a ver gestores e desbaratar dinheiro que não lhes pertence. Como a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) a gastar 150 mil euros numa festa em celebração dela mesma. Também o “DN” (9.10.2010), não pôde esconder que a DGCI (Direcção-Geral dos Impostos) gastou 220 mil euros para comemorar o seu aniversário.
Mas há mais: O Governo recua e permite a acumulação de pensões com salários aos actuais funcionários (“Público” 9.10.2010). Segundo a “sumidade” em matéria de finanças que ainda é ministro: “A regra que obriga os aposentados que estão em funções públicas a prescindir da pensão só se aplica no futuro”.
Com certeza, quando eles já não estiverem no poder ou se encontrarem na prisão. Talvez a viverem em Cabo Verde, como o figurão do banco resgatado pelo Estado e outros que lhe irão fazer companhia.
Como é possível dezenas de milhares de políticos, funcionários, autarcas, executivos de empresas estatais e municipais, da miríade de institutos, organismos e observatórios, acumularem elevadas pensões com salários na função pública? Sem mencionar as abundantes mordomias e as generosas ajudas de custo.
Um secretário de estado está reformado como vereador da Câmara de Lisboa, aos 50 anos. Com essa idade, só pode ter sido por invalidez! Agora, “trabalha” no desgoverno da nação. Fomos verificar e até alguns nossos conhecidos e respectivos vencimentos estão na lista oficial da Caixa Geral de Aposentações. Então como é? Têm pagamento em duplicado?
E um dirigente sindical pergunta: “Estamos indignados. Como é que se corta o abono de família a quem ganha 600 euros e se mantêm pessoas a acumular vencimentos com pensões?”
Tem carradas de razão.
Os governos central, regional e local perderam a legitimidade para pedir mais sacrifícios aos portugueses.
Outro exemplo da despudorada utilização das contribuições e impostos. Segundo o “Sol” (28.09.2010), a empresa estatal Estradas de Portugal premeia atrasos. Ora vejamos: “A Variante Sul de Coimbra foi inaugurada por António Mendonça com dez meses de atraso. A EP pagou 351 mil euros por antecipação de abertura de obra que estava três meses atrasada. A estrada tem 5 quilómetros e custou 19 milhões de euros. A empresa gestora da rede rodoviária nacional pagou cerca de 350 mil euros à construtora Ferrovial Agroman a título de sobrecustos pela antecipação de abertura de um troço da variante Sul de Coimbra – obra que estava atrasada cerca de três meses”.
É preciso parar e PENSAR”!
Quando se tiram casas de família a pessoas que não conseguem pagar os impostos e se agarra em cerca de um quarto de milhão de dinheiro dos contribuintes para gastar na comemoração ou para prendar os atrasos, é obsceno! Celebrar o quê? A facilidade com que nos metem a mão no bolso sem serem julgados? Estamos a ser defraudados. Não diáriamente mas a cada instante.
Mete nojo consultar os media do país. Fica-se com a impressão que cada vez dão mais relevo à lábia da D. Mário, o monarca da fundação com fundos da República, ao palavreado de ministros a assumirem ares de aristocratas falidos e – para punição de quem vota doutorzecos e falsos engenheiros por correspondência – à incompetente leitura de textos em “ingliche”.
Os promotores do despesismo assemelham-se a cata-ventos em noite de tormenta. Doidos varridos. Dizem o que logo desdizem. Em menos de vinte e quatro horas. Após anos de ópera bufa, transformaram-se nos actores principais de tragédia nacional.
Quem não “come” do sector público – quem não recebe certinho ao fim do mês, com subsídios de férias e de fim de ano, despesas de representação, popós e gasolina, cartões de crédito, viagens, cantinas, telemóveis – sente mais na pele os danos causados por esta oligarquia.
O estrago que fazem nas serrilhas do bom senso.
Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem deixam de os respeitar.
Por: V.P.R.