O primeiro-ministro disse esta terça-feira à noite em entrevista na SIC e SIC Notícias que tudo fará para "evitar uma crise política" e a entrada do FMI em Portugal. José Sócrates afirmou ainda estar disponível para se recandidatar num cenário de eleições antecipadas.
Na primeira grande entrevista de José Sócrates depois de uma das maiores manifestações de sempre, do anúncio de mais medidas de austeridade e da ameaça de uma crise política, o primeiro-ministro concentrou-se em "desfazer equívocos" sobre as novas medidas de austeridade e em explicar as consequências de uma eventual crise política e de um pedido de ajuda financeira internacional
"Tudo farei para evitar uma crise política porque teria condições muito negativas para o país", afirmou diversas vezes ao longo da entrevista enumerando as consequências de um cenário de instabilidade governativa.
Para o primeiro-ministro uma crise política significaria, para além de uma "enorme irresponsabilidade", "agravar os riscos de financiamento, levando ao pedido de ajuda externa".
"Perda de prestígio e influência no mundo, [medidas com]consequências para o Estado e para a vida das pessoas muito piores como acabar com o 13º mês, reduzir o salário mínimo, despedir funcionários públicos e cortar mais os salários", exemplificou.
"Estou há seis meses para ganhar a confiança e para evitar esse cenário [intervenção do FMI] de completa irresponsabilidade", reforçou.
Crise política
O primeiro-ministro advertiu que, se o Parlamento aprovar uma moção contra o novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), isso significa a abertura de uma crise política com consequências "terríveis" para Portugal.
"Tenho esperança que a Assembleia da Répública (AR) pondere bem, [mas] se a AR se pronunciar contra um PEC que nenhum partido quis negociar nem apresentar alternativas, (...) aí o Parlamento estará a abrir uma crise política", considerou Sócrates. Nesse caso "o Governo não tem condiçoes para se comprometer com as medidas necessárias para que a confiança seja restabelecida", disse.
Neste contexto, o líder do executivo afirmou esperar que "todos [os partidos] caiam em si", em especial o PSD.
"Compreendo que o PSD se oponha a alguma das medidas e as queira trocar por outras, mas não consigo compreender um partido que diz que não aceita estas medidas e também não quer falar de outras. Isso quer dizer que esse partido quer criar uma crise política sem falar em crise política, não assumindo essa responsabilidade", acusou.
Reiterando que "cada um assumirá as suas responsabilidades", e insistindo na disponibilidade do Governo para negociar estas medidas, para Sócrates "o país tem de clarificar o que quer fazer e se quer ou não comprometer-se internacionalmente".
(SIC)
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