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terça-feira, 29 de março de 2011

Mário Soares diz que este foi o pior momento para desencadear uma crise política.


O histórico socialista escreve hoje no Diário de Notícias que "não se podia ter encontrado pior momento para a demissão do Governo e para marcar novas eleições".
Diz o antigo Presidente da República que "durante estes meses cruciais - para a Europa, para o mundo e, obviamente, também para Portugal -, o mais provável é que se esqueça o que interessa aos portugueses: como vencer a crise e como arranjar mais emprego".
Em vez disso, acrescenta, "vai recorrer-se à retórica mais demagógica para que cada partido ganhe as eleições, ou para que se aproxime o mais possível disso. Com o País parado - durante dois longos meses - à espera dos resultados eleitorais".
Passos seguirá "política conservadora no seu pior"
Até lá, refere Soares, "vai ficar o Governo demissionário, sem autoridade, a fazer o menos possível. Porque não é lógico que faça, como é óbvio, a política que o Parlamento rejeitou. Este é um dos imbróglios em que estamos metidos. Dois meses decisivos, sem que ninguém saiba para onde vamos".
Foi, por isso, sublinha "que me permiti alertar o senhor Presidente da República para o perigo de cairmos num vazio de poder. Mas, ao que disse, parece que ‘foi tudo muito rápido, e não teve espaço de manobra para intervir'."
O antigo Presidente da República deixa um aviso ao líder social-democrata:"as responsabilidades do futuro primeiro-ministro serão acrescidas (...) Passos Coelho já percebeu, seguramente, que a política que vai ser obrigado a seguir não será substancialmente diferente da política proposta, antes da crise, por Sócrates, se não for mesmo mais impopular ainda. Será a política conservadora europeia no seu pior".
Aliás, "a perspectiva de aumentar o IVA - que Passos Coelho anunciou, como teste - deve tê-lo convencido, pelas reacções negativas que provocou, que terá escolhido o pior momento para desencadear uma crise política, desejada por alguns, com certeza, mas cuja oportunidade o eleitorado em geral não compreende nem aprova. Nem pela maioria dos empresários que temem, com razão, a recessão que está à vista...", afirma Soares.
"É certo que o líder do PSD deve ter sido muito pressionado pelos seus correligionários, ávidos de poder, que não escondem, aliás, que não o suportam e o querem substituir, uma vez realizada a sale besogne, como dizem os franceses. Isto é: o trabalho mais impopular e difícil. Como outros queriam ‘fritar em lume brando' José Sócrates. Mas ele não os deixou fazer...", conclui.
«DE»



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